Bolsonaro ameaça fuzilar “petralhas”


Dado revelador do Datafolha retrata o ânimo do brasileiro em relação às urnas.


Segundo a pesquisa de ontem que traz Jair Bolsonaro ampliando a liderança, 68% dizem sentir raiva quanto pensam no país, sendo os mais enfurecidos os mais jovens.

São 88% os que se sentem inseguros, 79% os que estão tristes, 78% os desanimados, 59% os amedrontados.

Nesse caldo de cultura, o que poderia cair melhor do que um mensageiro do ódio, do ressentimento, da violência, dos baixos instintos?

Bolsonaro voa como um pato no céu dessa distopia.

No taxi, o motorista me contava por que ia votar em Bolsonaro.

— Ele vai acabar com os bandidos, me garantiu.


— Como?

— Distribuindo armas para todo mundo. Vamos trocar tiros com eles.

— O senhor não acha que isso pode ser perigoso inclusive para seus passageiros?

— O senhor me desculpa, mas se tiver que morrer, que seja.

“Quando os tempos ficam incertos, as pessoas voltam para aquele lugar primordial de terror”, diz a filósofa americana Martha Nussbaum.

“A raiva é alimentada pela impotência, de modo que, quando nos sentimos apavorados e impotentes, muitas vezes tentamos retomar o controle enlouquecendo. Os bebês fazem isso, começam a gritar e gritar e atingem pessoas que podem não ter nada a ver com a origem do problema real”.

Milhões de crianças apavoradas e furibundas desejando no comando um pai desqualificado, boquirroto, falastrão.

Essa gente foi alimentada com uma dieta indigente de antipetismo, desinformação, horror psicológico.

A caixa de pandora, aberta há muito tempo, ganhou força com as redes sociais e o golpe de 2016.

Quem vai meter o gênio do fascismo de volta na lâmpada? Quem falou que ele volta, aliás?

Esqueça Darcy Ribeiro, Sérgio Buarque de Hollanda, Jessé de Souza. A pensadora nacional é Regina Duarte.

Ou reagimos, ou o medo vence a esperança.


DCM

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