“O antilulismo doentio não consegue se livrar da voz e da alma de um morto político”, escreve Moisés Mendes
Bolsonaro era o chefe de uma organização criminosa. A facção que ele chefiou fracassou na tentativa de golpe. Bolsonaro foi condenado pelo Supremo e está preso para cumprir 27 anos e três meses de cadeia. Quando em prisão domiciliar, tentou violar a tornozeleira eletrônica e também fracassou.
Bolsonaro é presidiário por ter sido um criminoso cruel, mas desastrado e fracassado. Está doente e fraco. Dengoso, se queixa até do barulho do ar-condicionado no entorno da cela. Mas continua orientando os rumos das decisões de pelo menos um terço do eleitorado, que em uma eleição chega à quase metade dos que vão votar.
Esse criminoso fracassado, julgado, condenado e preso é referência política não só para a extrema direita, mas para toda a velha direita. É bússola para Valdemar Costa Neto, Ciro Nogueira, Gilberto Kassab e para as bases lideradas por essas figuras.
Poderia ser apenas assim. Um fracassado e preso poderia, como fazem os chefões de facções criminosas encarcerados, continuar mandando nos que dele dependem fora da cadeia. Mas Bolsonaro manda neles e orienta também a cobertura da grande imprensa.
Tudo o que o chefão preso determina vira manchete nos veículos das corporações de mídia. Tratando na mais absoluta normalidade o que não é uma aberração apenas política. É uma aberração humana.
Em nome dos direitos de um criminoso, em respeito à democracia que ele tentou triturar, o chefão normaliza suas relações com os seus e ganha cobertura entusiasmada dos jornalões. Já preso, esse criminoso tinha seu nome incluído em pesquisas de intenção de voto para 2026.
Um filho dele fugiu para os Estados Unidos, o outro mora no Rio e será candidato a senador por Santa Catarina e o mais velho foi anunciado como o seu nome a presidente em 2026.
Um sujeito preso como chefe de organização criminosa, que tentou fugir, que diz não ter condições de saúde para ficar encarcerado, continua determinando o que a direita deve fazer, com o suporte da grande imprensa.
Fracassado na tentativa de se reeleger, que fracassou como golpista e que fracassa até como presidiário, esse sujeito continua a serviço da direita, na tentativa de manter Lula acossado, porque até as facções do Congresso fingem não depender, mas ainda dependem dele.
Esse é o chefão preso que arreda a mulher para um lado, por desconfiar que seu poder político pode ter mesmo alcance nacional, e que escolhe o filho para peitar Tarcísio de Freitas, o agregado em quem ele não confia.
Um morto vivo continua inspirando as ações da direita. O Congresso da PEC da Bandidagem, que sempre foi um parlamento de maioria de direita, é agora um reduto contaminado pelo fascismo. Porque um sujeito preso, derrotado e humilhado, continua a orientar e inspirar as ações de sabotagem contra Lula, o governo e o Supremo.
Em nome das liberdades, os jornalões fabricam editoriais em defesa das prerrogativas do Congresso que planeja cassar Alexandre de Moraes, só como vingança, porque essa é a orientação de Bolsonaro, para a qual convergem também os liberais brasileiros, com ou sem disfarces.
O povo rejeita a família e quer ver Bolsonaro preso, como mostra de novo a mais recente pesquisa Datafolha. Esse povo não votaria em indicados por Bolsonaro. E já avisou, em todas as pesquisas, que ele não significa mais o que significou para quem vota contra Lula.
Mas as lideranças da velha direita, os jornalões, a Fiesp de novo sob Skaf e o agro pop ouvem Bolsonaro, como se ele fosse a voz na tornozeleira que amarrou todos eles às ideias salvadoras do fascismo. A direita ouve e tenta se orientar pela voz de um morto, e não há o que fazer.
O chefe da organização criminosa, já abandonado pelos que ganharam projeção nas suas costas, continua sendo escudo da direita sem rumo à procura de uma alternativa que não existe até agora e talvez não se apresente mais uma vez.
Preso, fracassado, abandonado. Mas é dele, por pacto, a alma da direita brasileira sequestrada em 2018 e desde então sem forças para se autodeterminar. Flávio Bolsonaro é manchete e será pauta por muito tempo, porque tudo que interessa à direita depende da índole do bolsonarismo.
Bolsonaro fez com que boa parte do Brasil virasse um grande PCC, com subfacções e alguns meios tons, mas com todos submetidos à única estratégia capaz de enfrentar Lula: é preciso pensar e agir como bolsonarista, mesmo que Bolsonaro seja dado como morto.

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