O Brasil tem a moeda mais valorizada num conjunto de 58 economias importantes do planeta. Com base num índice de equilíbrio igual a 100, o Real encontra-se hoje num patamar de 158 em relação a uma cesta de moedas. O segundo posto no ranking, bem abaixo, é ocupado pelo yuan chinês, com índice de 116, conforme os cálculos do Banco Internacional de Compensações, informa o Valor. A liderança brasileira encontra explicação em outro recorde: a maior taxa de juro real do mundo, da ordem de 6%, pertence ao país. O padrão mundial desde a crise de 2007/2008 gira em torno de zero. Em busca de lucro fácil, especuladores de todos os mercados –inclusive os nativos-- tomam dinheiro a juro zero lá fora e despejam em títulos públicos aqui. Em junho, em apenas 15 dias conseguia-se com essa operação chamada de carry trade um lucro equivalente ao obtido em 24 meses de aplicação em papéis do Tesouro americano. Apesar de todas as medidas mitigatórias tomadas para conter esse tsunami, cerca de US$ 10 bi, entre fluxos comerciais e financeiros, ingressaram liquidamente no Brasil na primeira quinzena de julho. Um colosso. A desindustrialização embutida nessa mecânica obedece a um roteiro já banalizado: o Real 'forte' barateia importações, desloca demanda e transfere empregos para fora do país. Nesta 4º feira o BC deve anunciar a subida de mais um degrau nesse patíbulo, elevando a Selic para 12,5%. Com um requinte de espanto: todos os índices de preços sinalizam desaceleração ou deflação. É como se carrasco puxasse a corda apesar da suposta vítima do crime gritar da platéia: é inocente!
(Carta Maior; 4º feira 20/07/ 2011)

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