do BALAIO DO KOTSCHO
Faz muito bem a imprensa em revelar novas falcatruas em obras do Ministério dos Transportes, um assunto que há mais de duas semanas não sai das manchetes e parece não ter fim. É um dos seus papéis fiscalizar o poder público _ todos os poderes, em todos os níveis, eu diria.

Só acho estranho que, em meio a esta fúria de denúncias, tenha sumido do noticiário, tão rapidamente como apareceu, depois de um fugaz registro feito pelo 'Estadão', na semana passada, o caso do preço da obra da Nova Marginal do Tietê, em São Paulo, que passou do orçamento inicial de R$ 1 bilhão para gastos até agora de 1 bilhão e 750 milhões, ou seja, teve um 'aditivo' de módicos 75%.


No mesmo dia em que o jornalão paulista tocou no assunto, e todos os outros fingiram que não viram, o Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo assinaram um convênio que liberou mais R$ 200 milhões para a obra, que parece não ter data para terminar, embora tenha sido inaugurada ainda no governo de José Serra.

Nova Marginal foi o nome dado às pistas adicionais construídas para melhorar o trânsito junto às margens do rio Tietê. Quem tocou a obra foi a Dersa, uma espécie de Dnit paulista, então comandada pelo lendário Paulo Preto, cujo nome apareceu em denúncias sobre doações para a campanha tucana.

Uma rádio de notícias registrou o fato em rede nacional, sem citar o jornal, mas em seguida seus dois comentaristas, um deles acadêmico recém-eleito, nem tocaram no assunto, preferindo falar mais uma vez do Ministério dos Transportes.

Ao ler o noticiário sobre o depoimento de Rudolf Murdoch, lembrei-me deste modelo habitual na nossa imprensa de usar dois pesos e duas medidas, de acordo com suas conveniências políticas, partidárias e empresariais, para informar seu distinto público.

A diferença é que Murdoch nunca escondeu suas preferências e atua abertamente para combater ou defender governos e destruir reputações, como a 'Fox' não se cansa de fazer nos Estados Unidos, a favor dos republicanos e dando pau no governo Obama sem fingir neutralidade.

Será que os arautos da 'liberdade de imprensa' e do 'controle familiar da comunicação' não se interessam em apurar, investigar, saber, afinal, o que aconteceu nas obras da Nova Marginal?

A única explicação dada pela Dersa, até agora, é que mudou o escopo da obra e os custos aumentaram por culpa da inflação _ exatamente a mesma explicação dada pelo Dnit para os seus 'aditivos'.

Se a hipocrisia permitir atender ao meu pedido, ficarei grato. Gostaria mesmo de saber o que aconteceu, só por curiosidade. Os leitores teriam alguma idéia para explicar o fenômeno?

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

أحدث أقدم

ads

ads