Por Isabel Versiani e Tiago Pariz
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central promoveu nesta quarta-feira um segundo corte de 0,5 ponto da taxa básica de juros, levando a Selic a 11,5 por cento ao ano, e reforçou o discurso de moderação do ajuste monetário, em meio a um cenário de crescente deterioração externa e de evidências de desaceleração da economia doméstica.
Ao contrário de agosto, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) chocou os mercados com um corte inesperado em voto dividido, desta vez a decisão veio em linha com o esperado pelos economistas e foi tomada de forma unânime. Na reunião anterior, cinco diretores haviam votado por um corte de 0,5 ponto, e dois pela manutenção.
"O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012", afirmou o Copom nesta quarta-feira, retomando o hábito de comunicados curtos, depois da longa nota divulgada na reunião anterior.
Pesquisa Reuters mostrou que 22 de 26 instituições consultadas previam o corte de 0,5 ponto.
"Houve uma grande transparência com a mensagem, mais que qualquer coisa eles reforçaram a mensagem que estava no relatório (trimestral de inflação) de ajuste moderado", afirmou o economista Maurício Rosal, do banco de investimentos Raymond James. "O que eles insinuam é que o caminho não deve ser curto não, eles estão do início para o meio (do processo)."
Em agosto, o BC justificou a elevação do juro após um ciclo de cinco altas seguidas citando o efeito desinflacionário do cenário externo adverso.
A decisão de então gerou fortes críticas de economistas ao BC de Alexandre Tombini, uma vez que a inflação doméstica já estava correndo acima do teto da meta. A expectativa predominante na ocasião era de manutenção do juro, com alguns investidores apostando em alta de no máximo 0,25 ponto.
Mas desde agosto o cenário externo se deteriorou ainda mais, com a contínua indefinição para um desfecho da crise da dívida da zona do euro. Embora a Grécia esteja sendo o foco principal, Itália, Espanha e Portugal também seguem no olho do furacão.
Internamente, a economia doméstica sofreu desaceleração maior que a esperada por analistas em agosto, segundo o Índice de Atividade Econômica do BC, considerado dado antecedente do Produto Interno Bruto, que mostrou queda de 0,53 por cento ante julho.
Também em agosto, as vendas no varejo tiveram a primeira queda na comparação mensal desde abril, e a atividade industrial apresentou ligeira retração. Em setembro, a produção de veículos despencou 19,7 por cento ante o mês anterior.
A inflação, contudo, segue sendo uma preocupação importante. As expectativas do mercado para a inflação no ano que vem crescem há sete semanas, segundo a sondagem Focus do BC, e estão em 5,61 por cento --bem acima da meta central de 4,5 por cento que o BC insiste que será alcançada em 2012.
Para este ano, as projeções do mercado são de uma inflação de 6,52 por cento, acima do teto de meta, de 6,50 por cento. Em setembro, o IPCA, índice de preços ao consumidor que é usado como parâmetro para o regime de metas, registrou alta de 7,31 por cento no acumulado em 12 meses.
"Independentemente da inflação, ele vai continuar derrubando o juro", afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora. "O BC sugere acreditar que a probabilidade de a inflação convergir para a meta em 2012 vai aumentar, o que não significa necessariamente que ela vai de fato ficar em 4,5 por cento no ano que vem."
O Copom voltará a se reunir nos dias 29 e 30 de novembro.
© Thomson Reuters 2011 All rights reserved.
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central promoveu nesta quarta-feira um segundo corte de 0,5 ponto da taxa básica de juros, levando a Selic a 11,5 por cento ao ano, e reforçou o discurso de moderação do ajuste monetário, em meio a um cenário de crescente deterioração externa e de evidências de desaceleração da economia doméstica.
Ao contrário de agosto, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) chocou os mercados com um corte inesperado em voto dividido, desta vez a decisão veio em linha com o esperado pelos economistas e foi tomada de forma unânime. Na reunião anterior, cinco diretores haviam votado por um corte de 0,5 ponto, e dois pela manutenção.
"O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012", afirmou o Copom nesta quarta-feira, retomando o hábito de comunicados curtos, depois da longa nota divulgada na reunião anterior.
Pesquisa Reuters mostrou que 22 de 26 instituições consultadas previam o corte de 0,5 ponto.
"Houve uma grande transparência com a mensagem, mais que qualquer coisa eles reforçaram a mensagem que estava no relatório (trimestral de inflação) de ajuste moderado", afirmou o economista Maurício Rosal, do banco de investimentos Raymond James. "O que eles insinuam é que o caminho não deve ser curto não, eles estão do início para o meio (do processo)."
Em agosto, o BC justificou a elevação do juro após um ciclo de cinco altas seguidas citando o efeito desinflacionário do cenário externo adverso.
A decisão de então gerou fortes críticas de economistas ao BC de Alexandre Tombini, uma vez que a inflação doméstica já estava correndo acima do teto da meta. A expectativa predominante na ocasião era de manutenção do juro, com alguns investidores apostando em alta de no máximo 0,25 ponto.
Mas desde agosto o cenário externo se deteriorou ainda mais, com a contínua indefinição para um desfecho da crise da dívida da zona do euro. Embora a Grécia esteja sendo o foco principal, Itália, Espanha e Portugal também seguem no olho do furacão.
Internamente, a economia doméstica sofreu desaceleração maior que a esperada por analistas em agosto, segundo o Índice de Atividade Econômica do BC, considerado dado antecedente do Produto Interno Bruto, que mostrou queda de 0,53 por cento ante julho.
Também em agosto, as vendas no varejo tiveram a primeira queda na comparação mensal desde abril, e a atividade industrial apresentou ligeira retração. Em setembro, a produção de veículos despencou 19,7 por cento ante o mês anterior.
A inflação, contudo, segue sendo uma preocupação importante. As expectativas do mercado para a inflação no ano que vem crescem há sete semanas, segundo a sondagem Focus do BC, e estão em 5,61 por cento --bem acima da meta central de 4,5 por cento que o BC insiste que será alcançada em 2012.
Para este ano, as projeções do mercado são de uma inflação de 6,52 por cento, acima do teto de meta, de 6,50 por cento. Em setembro, o IPCA, índice de preços ao consumidor que é usado como parâmetro para o regime de metas, registrou alta de 7,31 por cento no acumulado em 12 meses.
"Independentemente da inflação, ele vai continuar derrubando o juro", afirmou Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora. "O BC sugere acreditar que a probabilidade de a inflação convergir para a meta em 2012 vai aumentar, o que não significa necessariamente que ela vai de fato ficar em 4,5 por cento no ano que vem."
O Copom voltará a se reunir nos dias 29 e 30 de novembro.
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