do Brasil 247

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
DESDE QUE TEVE O CÂNCER NA LARINGE DIAGNOSTICADO, O EX-PRESIDENTE NÃO DEIXA O NOTICIÁRIO, SEJA POR DE FATO SURGIREM NOVIDADES EM SEU TRATAMENTO, SEJA PELA PUBLICAÇÃO DE INTIMIDADES NO SITE DE SEU INSTITUTO; SE O CINEMA TEM O SHOW DE TRUMAN, O BRASIL GANHOU O SHOW DE LULA
A estratégia de exposição trouxe benefícios políticos inegáveis para o ex-presidente – que o diga a senadora Marta Suplicy, que desistiu da disputa pela prefeitura de São Paulo depois de receber pedido de um Lula já doente –, mas será que a publicidade de sua doença não teria um limite? Até onde é de bom gosto, de bom tom ou mesmo legítimo aproveitar-se politicamente de um câncer? Lula não é o primeiro e provavelmente não será o último a fazê-lo, mas será que ele precisava mesmo disso?
Desde que deixou a presidência da República, Lula não precisa fazer muita força para receber atenção. Bastava frequentar algum evento público para ter repórteres interessados em sua opinião. E tudo o que ele dizia virava notícia. Depois da doença, a atenção foi amplificada para detalhes que, se não forem desnecessários, perigam expor o ex-presidente além do necessário. Lula foi fotografado ao fazer a barba, ao receber o técnico da seleção brasileira de futebol em casa e a presidente da República no hospital. Tudo muito bem produzido e disponibilizado para quem quiser usar.
Até as mensagens de apoio que o ex-presidente recebeu valeram notícia, ao serem publicadas no site do Instituto Lula que, criado com a proposta de promover debates, tem servido mais como agência de marketing do ex-presidente. Em entrevista sobre o assunto, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, disse que Lula tem recebido a recomendação, via cartas e e-mails, de comer certos alimentos, além de textos de orações. "E tem fábricas que pararam na hora do almoço para orar pela saúde dele", relatou Okamotto. Bom para o ex-presidente, mas por que publicar essas intimidades?
Se rende dividendos políticos para o ex-presidente, a publicação de informações sobre sua vida pessoal também o expõe às críticas mais cruéis, como as que sugerem que ele vá se tratar do Sistema Único de Saúde (SUS). E se o ex-presidente se aproveita da própria doença para angariar capital político, não pode reclamar de quem se aproveita dela para atacá-lo.

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