do CARTA CAPITAL
Atenas arde. Papademos estilhaçou a coalizão e enfureceu o povo sem garantir o resgate
O dia 12 de fevereiro de 2012 entra para a história como um dos mais turbulentos da Grécia moderna e talvez como um momento crítico para toda a Europa. O primeiro-ministro Lucas Papademos, virtual interventor da União Europeia, conseguiu o que provavelmente se revelará uma vitória de Pirro. Fez aprovar no Parlamento, conforme acordo entre as cúpulas dos partidos que o apoiam, as condições exigidas pela troika FMI-União Europeia-Banco Central Europeu, mas, com isso, esfacelou a coalizão que o sustentava e desencadeou protestos de dimensão e violência inédita e até agora nada conseguiu de concreto das lideranças europeias.
Antes da votação, renunciaram um ministro e três vice-ministros do Laos e dois vice-ministros socialistas e o resultado final foi a perda de 60 dos 252 deputados que apoiavam Papademos (sem partido) no Parlamento. A aliança governista era formada pelo partido socialista Pasok (que ainda retinha 153 dos 160 deputados eleitos em 2009), o conservador Nova Democracia (reduzido de 91 para 83) e o ultradireitista Laos (16), mas este rompeu com o governo, e nada menos de 23 deputados socialistas e 21 da Nova Democracia se recusaram a votar pelo acordo e foram expulsos de seus partidos, reduzindo a coalizão governista a 192 integrantes. Com o apoio de dois deputados do Laos que contrariaram seu líder Giorgos Karatzaferis – sendo, por sua vez, expulsos – e de quatro deputados independentes, o acordo recebeu 199 votos.
O partido da ultradireita saiu com estardalhaço, com seu líder afirmando que os credores exigiam “40 anos de submissão” do país e que a União Europeia estava “empurrando a Grécia para o comunismo”, referindo-se à popularidade crescente da esquerda. -Segundo pesquisa de fevereiro do instituto Public Issue, o Pasok, que venceu com 43,9% em 2009, hoje tem apenas 8% das intenções de voto, mas o Nova Democracia não conseguiu capitalizar a crise de seu maior rival e caiu de 33,5% para 31% e o Laos caiu de 5,6% para 5%. Já o Partido Comunista cresceu de 7,5% para 12,5%, o Syriza (coalizão de esquerda comparável ao PSOL brasileiro), de 4,6% para 12%, e o Dimar (dissidência moderada do Syriza, fundada em 2010) tem 18%. Os Verdes têm 3,5%, os liberais de centro, 2%, os neofascistas, 3%, e outros grupos, 5%.
*Leia matéria completa na Edição 685 de CartaCapital, já nas bancas
Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;