Brasil 24/7
A lua de mel de Graça Foster, presidente da Petrobras, com os meios de comunicação, está chegando ao fim. Nesta quinta, no editorial "À deriva", a Folha de S. Paulo, de Otávio Frias, critica duramente a gestão da estatal. Leia:
À deriva
A nova direção da Petrobras busca dar rumo diferente à empresa, reduzindo as intervenções políticas que caracterizaram a gestão anterior. Levará tempo, porém, para que algum avanço seja perceptível.
Os resultados no terceiro trimestre não trouxeram boas novas. Verdade que o prejuízo de R$ 1,3 bilhão no período anterior evoluiu para um lucro de R$ 5,6 bilhões, mas tal avanço não reflete mais que um ajuste contábil.
No segundo trimestre, a desvalorização do real teve impacto negativo -da ordem de R$ 7,2 bilhões- no lucro. A Petrobras tem dívidas em dólares e, quando essa moeda se valoriza, o ajuste reduz o ganho.
Descontado tal efeito cambial, o lucro ficou no mesmo patamar do segundo trimestre. A persistir tal trajetória de rentabilidade no restante do ano, o retorno sobre o capital da empresa (ou ganho comparado com patrimônio) tangenciará 8%, aquém de anos anteriores.
Os principais vilões são os de sempre: baixa eficiência operacional e insistência do governo em manter os preços dos combustíveis defasados em relação aos custos de importação da gasolina, uma diferença que traz prejuízos à empresa.
Aumentos recentes nos preços internos do diesel (10,6%) e da gasolina (8%) não foram suficientes para compensar as perdas com a importação de derivados, que bate recordes. A preferência dada a equipamentos nacionais para explorar o Pré-sal, política até certo ponto justificável, também eleva os custos da Petrobras.
Do lado operacional, o desempenho é no mínimo preocupante e tem piorado nos últimos meses. A produção doméstica de petróleo em setembro, de 1,9 milhão de barris/dia, ficou 8% abaixo da verificada no mesmo mês de 2011.
Os custos, por sua vez, crescem acima do esperado. Subiram 15% na atividade de extração de petróleo e 18% no refino, neste trimestre.
No cômputo geral, é difícil escapar à conclusão de que algo continua errado. A União, acionista controladora, precisa agir com decisão para tornar a empresa mais eficiente. Parece inevitável que o Planalto aceite o custo político de fazer os preços internos dos combustíveis seguirem mais de perto os do mercado internacional.
Do contrário, a Petrobras continuará sangrando e não conseguirá cumprir as metas ambiciosas, custosas e arriscadas que foram traçadas para os próximos anos.
Editorial do jornal comandado por Otávio Frias aponta que, sob a gestão de Graça Foster, está sangrando, sem cumprir as metas ambiciosas que foram traçadas para os próximos anos
À deriva
A nova direção da Petrobras busca dar rumo diferente à empresa, reduzindo as intervenções políticas que caracterizaram a gestão anterior. Levará tempo, porém, para que algum avanço seja perceptível.
Os resultados no terceiro trimestre não trouxeram boas novas. Verdade que o prejuízo de R$ 1,3 bilhão no período anterior evoluiu para um lucro de R$ 5,6 bilhões, mas tal avanço não reflete mais que um ajuste contábil.
No segundo trimestre, a desvalorização do real teve impacto negativo -da ordem de R$ 7,2 bilhões- no lucro. A Petrobras tem dívidas em dólares e, quando essa moeda se valoriza, o ajuste reduz o ganho.
Descontado tal efeito cambial, o lucro ficou no mesmo patamar do segundo trimestre. A persistir tal trajetória de rentabilidade no restante do ano, o retorno sobre o capital da empresa (ou ganho comparado com patrimônio) tangenciará 8%, aquém de anos anteriores.
Os principais vilões são os de sempre: baixa eficiência operacional e insistência do governo em manter os preços dos combustíveis defasados em relação aos custos de importação da gasolina, uma diferença que traz prejuízos à empresa.
Aumentos recentes nos preços internos do diesel (10,6%) e da gasolina (8%) não foram suficientes para compensar as perdas com a importação de derivados, que bate recordes. A preferência dada a equipamentos nacionais para explorar o Pré-sal, política até certo ponto justificável, também eleva os custos da Petrobras.
Do lado operacional, o desempenho é no mínimo preocupante e tem piorado nos últimos meses. A produção doméstica de petróleo em setembro, de 1,9 milhão de barris/dia, ficou 8% abaixo da verificada no mesmo mês de 2011.
Os custos, por sua vez, crescem acima do esperado. Subiram 15% na atividade de extração de petróleo e 18% no refino, neste trimestre.
No cômputo geral, é difícil escapar à conclusão de que algo continua errado. A União, acionista controladora, precisa agir com decisão para tornar a empresa mais eficiente. Parece inevitável que o Planalto aceite o custo político de fazer os preços internos dos combustíveis seguirem mais de perto os do mercado internacional.
Do contrário, a Petrobras continuará sangrando e não conseguirá cumprir as metas ambiciosas, custosas e arriscadas que foram traçadas para os próximos anos.
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