
É um direito do pastor e deputado. É a opinião dele. Como é direito se considerar deboche um cidadão com tais posições presidir uma Comissão de Direitos Humanos.
Mas quem roubou a cena foi o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), um entusiasta de Feliciano. Bolsonaro tem uma estranha fixação com o tema da homossexualidade. Sempre que a polêmica ressurge no Congresso, o deputado se excita.
Bolsonaro é hoje o mais conhecido rosto da extrema direita brasileira. Defensor da Ditadura, ele justifica a tortura. Já disse: "O cara tem que ser arrebentado para abrir a boca". Sobre a busca de corpos dos desaparecidos na Ditadura, diz: "Quem procura osso é cachorro".
Claro que, com frases e atitudes como estas, o que Bolsonaro busca são as manchetes. Assim ele está no sexto mandato e já tem dois filhos parlamentares. Isso é "O Ovo da Serpente" na definição do cineasta Ingmar Bergman. Isso tudo aí é a semente do fascismo. Não convém regá-la.
Que ninguém se iluda com esse deputado. Ele pode soar folclórico, um animador de auditório, engraçadinho para uns, mas é um homem perigoso para a democracia. Com atitudes como essa, Bolsonaro ajuda a avacalhar ainda mais o Congresso.
Na edição de 28 de outubro de 1987, a revista Veja publicou reportagem sobre Bolsonaro. Relevou que ele e outro militar planejavam explodir bombas em quartéis do Rio de Janeiro e na adutora do Rio Gandú.
Tal ação seria na luta por melhores salários para os militares – daí a base, a inicial, de votos do agora deputado. Bolsonaro foi processado. Ele negou tudo, foi absolvido pelo Tribunal Militar, mas havia cometido um erro.
A revista Veja publicou um croqui, desenhado pelo próprio Bolsonaro, com a bomba que seria colocada na adutora do Rio Gandú. O ministro do Exército admitiu que a reportagem estava correta. E a Veja publicou o croqui e uma foto com a seguinte legenda: "Bolsonaro, a mentira".
O que Bolsonaro fez agora é uma evidente quebra de decoro, passível até da perda do mandato. Nada acontece porque falta autoridade moral a quem caberia puni-lo.
Toda vez que o amigo, a amiga, achar graça em alguma das atitudes desse deputado, lembre-se de uma de suas frases:
- Nós não devíamos só torturar. Devíamos torturar e matar.
Este, isso aí, é Bolsonaro.