O Cafezinho
Francisco Bosco, que talvez anseie se tornar uma espécie de Sartre dos coxinhas, publicou a seguinte mensagem em seu Facebook:
A PM pergunta: “Quem está tentando saquear lojas está reivindicando um país melhor?” No contexto político presente, sim, está. Passar ao real é o último recurso para transformar uma realidade que se especializou em frustrar todos os demais recursos (“política”, nas democracias contemporâneas, virou isso). Assim como, nessas condições, a política depende do real para realizar-se, por outro lado a única atitude que pode tirar as pessoas das ruas e acabar com essas passagens ao real é uma atitude efetiva, vinda do Estado, na realidade. Ou seja: ações, não apenas discursivas, mas concretas, por meio das quais o Estado reconheça sua responsabilidade pela revolta popular e comece a fazer política verdadeira, servindo à população. Mas, em vez disso, temos um governador a quem falta qualquer senso de realidade e uma polícia que sabe apenas passar ao real. Pois bem, não vai ser no registro do real que tudo isso será resolvido, mas no registro da realidade. E os manifestantes, mesmo aqueles que passam ao real (os “vândalos”) na verdade não querem isso, não querem falar a “linguagem” da PM. Esse é apenas o último recurso que resta quando os recursos da realidade são todos falseados. Portanto, respondendo novamente à pergunta da PM, quem está tentando saquear lojas está, precisamente, reivindicando um país melhor. E eles nos representam. São os únicos que realmente nos representam.
Bem, vou repetir a frase que o próprio Bosco repetiu:
quem está tentando saquear lojas está, precisamente, reivindicando um país melhor. E eles nos representam. São os únicos que realmente nos representam.
Esse é o nível dos colunistas do Jornal O Globo. Defensores do terrorismo coxinha, disfarçado sempre de “manifestações pacíficas”. Um bando de idiotas mascarados quebrando e saqueando lojas, inclusive a fachada da Globo, incendiando carros de reportagem, depredando patrimônio público.
E tudo para fazer uma revolução? Para defender uma lei de herança? Para defender uma reforma urbana que contenha uma tributação adequada para evitar que uma pessoa tenha excesso de imóveis – situação que gera o aumento no preço dos aluguéis por deixar milhares de apartamentos em mãos de um cartel imobiliário? Para criação de um forte imposto sobre o carro que deveria ser usado para construção de metrôs?
Infelizmente, não.
Quebram tudo para protestar contra a corrupção, contra a Copa (!) ou contra a “privatização” do Maracanã…
Recebi este vídeo pelas redes sociais, falando da organização de uma grande manifestação no dia 7 de setembro. É assustador. É contra tudo e todos, petistas e tucanos, numa estratégia maquiavélica para não se associar a nenhum partido ou ideologia, mas a principal bandeira é contra “os impostos”. Ou seja, há sim interesses ultraconservadores por trás do que está acontecendo no Brasil. Há forças obscuras se movimentando para estancar o crescimento nacional. A quem interessa um país em chamas, desorganizado, com tudo sendo exibido pelo tweetcasting?
Que espécie de idiotia coletiva é esta que acha bonito ver mauricinhos saqueando lojas? E se a moda pega? Vamos bater palma assistindo o povo brasileiro aderir a esta loucura coletiva e sair saqueando estabelecimentos comerciais pelo país afora? Vamos copiar modelos de guerra civil africana?
É evidente que o resultado será um violento retrocesso conservador. Esta loucura tem de ser combatida na raíz. Os coxinhas já produziram a sua milícia, os mascarados vândalos, e agora começam a pipocar oportunistas querendo faturar intelectualmente. Daqui a pouco estarão dando palastras nos clubes militares, que aliás já declararam apoio entusiástico às manifestações da turma danoninho.
O lado bom – se é possível achar que existe um lado bom nisto – é que este nascimento do neofascismo coxinha obriga todos a ficarem acordados: o sindicalismo adormecido, a militância partidária preguiçosa e as pessoas cujo bom senso não foi destruído por colunistas de jornal. Manifestações são positivas quando tem propósitos objetivos, democráticos e populares, e não usam métodos que visam destruir e desestabilizar o país.

Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;