Números mostram real do Real: inflação no governo FHC foi pior que nos governos Lula e Dilma

Estamos assistindo aos primeiros sinais de que o 20o aniversário do Plano Real deverá ser comemorado em grande estilo.

Não é para menos. No caminho da sexta eleição presidencial desde que o Real foi anunciado, o plano é uma bandeira prioritária da oposição para reivindicar a chance de retornar ao Planalto, após três derrotas consecutivas.

Mas é um debate que os criadores do Real devem encarar com cautela. Se em duas décadas a inflação jamais retornou aos planos absurdos de 1993 (2477% ao ano) ou de 1994 (916%) a atuação do PSDB para proteger o bolso dos brasileiros, especialmente os mais humildes, aqueles que mais sofrem com a alta dos preços, foi o pior em 20 anos. Quando os dados são expurgados do prestígio e da preferência que a maioria dos analistas devota aos economistas ligados ao PSDB, verifica-se que a realidade é muito diferente. Coube a governo de FHC cravar as piores médias do período.

Aos números: no primeiro mandato do governo Fernando Henrique, eleito a bordo da nova moeda, o IPCA foi de 22,4 em 1995, 9,5 em 1996, 5,22 em 1997 e 1,6 em 1998. Média anual: 9,3%.

No segundo mandato, a inflação subiu 8,9 em 1999, 5,9 em 2000, 7,6 em 2001 e 12,5 em 2002. Média anual: 8,6%.

 No primeiro mandato do governo Lula, as altas foram de 9,3 em 2003, 7,6 em 2004, 5,6 em 2005 e 3,1 em 2006. Média anual: 6.4%

No segundo mandato do governo Lula, as altas foram de 4,4, 5,9, 4,3 e 5,9.  Média anual: 5,1%

No governo Dilma, as altas foram de 6,5 em 2011, 5,8 em 2012, 5,9 em 2013 e 6,4 na projeção em 2014. Média anual prevista: 6,1%.

Colocando a avaliação no plano puramente inflacionário, está claro que os melhores  números foram obtidos nos dois mandatos de Lula. O governo Dilma fica em 3o lugar, enquanto o governo FHC ocupa as piores posições.

Alguma dúvida?

Há outros pontos que podem ser lembrados. A reconstituição da vida nos primeiros anos do Real descreve um país idílico, sem problemas, sob comando firme e resoluto.

Os economistas da época adoram lembrar a inflação de 1998, a menor daquele tempo, sem mencionar que o crescimento foi de 0,04% e em 1999, 0,25%. Imagine onde foi parar o emprego  -- ainda mais porque a prioridade não era proteger o mercado interno, nem reforçar a renda dos mais pobres, com essas políticas que na visão dos campeões da austeridade só aumentam o déficit público, certo?

Terceiro presidente do Banco Central pós-Real, Armínio Fraga anunciou juros a 45% quando tomou posse. Os juros ainda foram a 24,5% em 2002 e, nos primeiros meses de 2003, já no governo Lula, tiveram de ser levado um pouquinho a mais, tamanho o descontrole deixado pelo governo anterior. A credibilidade do país era tão baixa que os candidatos de oposição tiveram de avalizar acordo com FMI que, caso contrário, não faria o empréstimo pedido por FHC no fim do governo. As reservas do país não chegavam a 20% do nível de hoje. Na passagem do primeiro para o segundo mandato, foi preciso que Bill Clinton fizesse um pedido pessoal ao Tesouro norte-americano para que saisse um emprestímo bilionário  que impediu a quebra do país.

Vamos compreender que o Real teve méritos. Mas não vamos fingir que foi uma glória que não volta mais, certo?
ISTOÉ



Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads