O presidente da Câmara e principal conspirador do golpe, Eduardo Cunha, foi mais uma vez acusado de receber propinas milionárias de empreiteiras investigadas na operação Lava Jato.

Desde que o desinteresse do juiz Sérgio Moro em investigar a família Cunha foi compensado com as provas documentais vindas da Suíça, o cidadão que conseguiu a proeza de se tornar o mais inescrupuloso político da história nacional não para de surpreender em matéria de desonestidade e vilania.

Com as planilhas apresentadas na delação premiada do empresário Ricardo Pernambuco Júnior, os já escandalosos cinco milhões de dólares descobertos nas contas secretas da Suíça agora passaram a ser fichinhas perto das somas recém-reveladas.

Segundo o delator, que descreveu em detalhes os encontros mantidos com Cunha para acertarem como os recursos desviados deveriam ser pagos, a verdadeira fortuna de 52 milhões de reais seriam repassados em 36 parcelas pelas empresas responsáveis pelas obras do Porto Maravilha no Rio de Janeiro.

Soma-se a essa nova denúncia uma compilação avançada do código penal brasileiro infringido por EC. Sonegação fiscal, corrupção passiva e ativa, peculato, chantagens e ameaças à integridade física são apenas alguns exemplos do expediente utilizado pela terceira pessoa na linha sucessória presidencial enquanto exerce o seu cargo.

Esse é o “eminente” parlamentar que conduz os trabalhos de um processo de impeachment que já virou piada no mundo inteiro. Tornou-se simplesmente impossível explicar à comunidade internacional como uma quadrilha de ladrões liderada por alguém com tamanhas credenciais ainda pode estar à frente de uma questão tão traumática para a democracia de uma nação. Sobretudo contra uma presidente contra quem não pesa uma única acusação criminal.

Mais do que isso, a tragédia dantesca não seria completa se todas as afrontas constitucionais que temos presenciado nos últimos meses não estivessem acontecendo com a benção declarada da mais alta corte do país.

É revoltante que o pedido de afastamento de Cunha protocolado desde dezembro de 2015, com a urgência e a importância que o assunto requer e representa, ainda não tenha sido sequer apreciado pelos ministros do STF.

O desprezo pelas normas constitucionais, aliado à omissão do Supremo, acabou por criar um monstro que sintetiza claramente o caráter ilegal, antidemocrático, intolerante e vingativo dessa odisséia golpista.

Já não restam dúvidas de que aliar-se a Cunha é declarar-se publicamente um traidor da Pátria. Os que já perceberam isso sabem que a história não os perdoará e, por isso mesmo, já começam a acordar desse delírio.

O deputado Waldir Maranhão (PP-MA), que já havia declarado voto a favor do impeachment, mudou de idéia e agora abandona Cunha. A Folha de S. Paulo, uma das patrocinadoras do golpe, teve que voltar atrás e já confirma que a oposição não possui os votos necessários. E o mais hipócrita, FHC, agora quer a cassação. Do seu ex-pupilo Eduardo Cunha.

Temer, que sonhou ser presidente sem um único voto, pode estar muito próximo de morrer abraçado com Cunha. O que a Suprema Corte não lhes deu, a democracia cuidará de lhes dar.

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