Terremoto, tsunami, circo pegando fogo, rompimento de barragem: estas foram algumas das imagens fortes utilizadas pelos analistas políticos para descrever o que aconteceu nesta terça-feira no Brasil, em meio a mais uma "crise do fim do mundo", o que por aqui, nestes tristes trópicos, já virou rotina.

Manhã de quarta-feira, 8 de junho de 2016.

Na minha longa vida de repórter, aprendi que, às vezes, é preciso se afastar um pouco da cena da tragédia e olhar do alto para entender as causas e as consequências do acontecido, como fiz na cobertura da queda de um pequeno avião no interior do Paraná, muitos anos atrás, quando subi num morro para acompanhar as operações de resgate.

A imprevisibilidade e a instabilidade, um conjunto de fatores que levam à ingovernabilidade, crescem a cada dia, independentemente dos políticos que estão na cabine de comando. Sai governo, entra governo, o Brasil continua girando no eixo da Lava Jato, entre a nova República de Curitiba, o STF, o MPF e aquela antiga dos políticos sitiados, que tem sede nos palácios de Brasília.

Por toda parte, encontram-se os destroços, labaredas e escombros do sistema político. Não adianta agora querer fulanizar as responsabilidades e procurar culpados pela tragédia brasileira. Ela é ampla, geral e irrestrita, suprapartidária e ecumênica, atinge todos os poderes e latitudes. Entre mortos e feridos, não se salvou ninguém. Não tem virgens nem heróis nesta história de derrotados, que somos todos nós.

Com o Executivo e o Legislativo sendo tragados pelas águas da Operação Lava Jato, como aquela barragem de Mariana que rompeu e foi levando tudo que encontrava pela frente no antigo Vale do Rio Doce, os velhos caciques políticos se tornaram alvos ou meros coadjuvantes dos togados do Judiciário e do Ministério Público, os novos donos do poder de fato, mas que, pela primeira vez, também estão sendo contestados.

Por isso mesmo, procurei escrever este texto sem citar qualquer nome ou sigla partidária.

Neste momento, se pudéssemos congelar a imagem, é como se estivéssemos todos num grande avião sem rumo, com todo mundo dando palpite na cabine de comando, e ninguém se entendendo sobre o norte a seguir.

E agora, para onde vamos? Só arrisco dizer uma coisa: é melhor apertarmos os cintos.

Vida que segue, sabe Deus como.

Balaio do Kotscho

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