A
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016 impõe um limite para o
aumento do gasto público federal, que seria somente corrigido pela
inflação do ano anterior (medida pelo Índice Nacional de preços ao
Consumidor Amplo- IPCA), o que congelaria o gasto público em termos
reais.
Tal medida afeta diretamente o Gasto Social Federal (GSF), como mostra levantamento do
professor Daniel Arias Vazquez, que analisa o cenário para o GSF de
2003 a 2015, caso a regra Temer – Meirelles (PEC 241) tivesse sido
aplicada. Segundo o professor, em valores reais de dezembro de 2015, a
PEC 241 teria retirado 3,2 trilhões de reais de recursos federais
aplicados na política social ou 37% dos recursos que foram efetivamente
gastos.
Percebe-se
claramente que o golpe também traz um ataque à questão social, com a
limitação dos gastos sociais, independente do crescimento do PIB ou da
arrecadação do país, em um patamar já fora da curva dos anos anteriores,
devido à política de ajuste fiscal adotada a partir de 2015.
O
controle do crescimento do gasto que é proposto pela referida PEC vem
ainda acompanhado de outras medidas para a redução de direitos
trabalhistas, uma reforma conservadora na previdência e questionamento
de programas sociais. O golpe mostra então seu caráter conservador e
concentrador dos recursos do Estado para as classes mais abastadas: se
de um lado é proposto um teto para o crescimento da despesa (e do gasto
social especificamente), de outro não há sequer uma discussão sobre teto
para gastos com juros ou uma reforma tributária progressiva, de forma a
repartir de maneira mais igualitária o peso da crise.
Tais
propostas fazem parte de um diagnóstico que já vinha sendo alardeado
pelo próprio PMDB no “Ponte para o Futuro”, lançado em 2015, que já
colocava como prioridade inquestionável a questão fiscal e a necessidade
de um “ajuste de caráter permanente”, para conter os “excessos” do
período anterior. O que o documento chama de “excesso” pode ser chamado
de programas sociais internacionalmente reconhecidos: diversas
organizações internacionais (OIT, FAO, PNUD, Cepal etc.) elogiaram os
gastos sociais no Brasil e a ampliação do acesso a direitos sociais,
aspecto bastante deficitário da sociedade brasileira.
Está
em jogo com o golpe não só a democracia, mas há também a tentativade
retrocesso nas conquistas dos anos 2000, de desmonte da Constituição de
1988 e até mesmo de conquistas da era Vargas.


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