Paulo Henrique Pompermaier
A Revolução Russa foi um acontecimento extraordinário da humanidade, que mostrou a potência do marxismo para organizar os oprimidos em uma frente revolucionária socialista. A formulação é do neto de Leon Trótski, Esteban Volkov, para quem a teoria de Marx é ainda o único caminho para o fim do capitalismo, que cada vez mais “degrada o homem e o mundo”. “É a única arma que os oprimidos do planeta têm para sua defesa e liberação do jugo da exploração”, disse.
Aos 91 anos, Volkov fez a declaração por meio de um vídeo exibido no seminário “1917: O ano que abalou o mundo”, já que não pode viajar ao Brasil, como havia programado, devido a problemas de saúde. O evento, organizado pela Boitempo em parceria com o Sesc, traz palestras e cursos sobre o centenário da Revolução Russa, e acontece até sexta (29). Também participaram da conferência o professor de História da USP Osvaldo Coggiola e o filósofo e historiador marxista italiano Domenico Losurdo.
Em sua fala, Volkov frisou como o capitalismo é capaz de acentuar o “autêntico trabalho escravo” e a exploração do homem. “Em sua etapa presente de liberalismo de economia de cassino, o capitalismo está se tornando um sistema totalmente obsoleto para a vida humana”, afirmou. “Se aproveita dos avanços científicos e tecnológicos para explorar cada vez mais o trabalhador e nosso habitat natural. Impõe fome e miséria à maioria da humanidade.”
Volkov tinha 13 anos quando, na tarde de 20 de agosto de 1940, ao entrar na casa do avô no bairro de Coyocán, na Cidade do México, encontrou-o caído na biblioteca com a cabeça sangrando – tinha sido golpeado por um comunista espanhol, a mando de Stálin. Ele nunca esqueceu a cena e há muitos anos dedica suas aparições a defender a memória de Trótski e destruir a “máquina de mentiras stalinista”.
Stálin representou, para Volkov, a constituição de uma casta burocrática que restabeleceu a burguesia e o capitalismo na União Soviética. A revolução, disse, apesar de ter sido “um dos acontecimentos mais extraordinários da humanidade”, naufragou com a instauração da ditadura stalinista. Isso aconteceu, em sua opinião, por três motivos: a impossibilidade dos bolcheviques se estenderem para outros países mais industrializados, o desaparecimento da liderança de Lênin e as grandes baixas que o exército revolucionário sofreu nas batalhas.
Os debatedores discordaram. Para Losurdo, a revolução não naufragou porque, mesmo com Stálin, ela ajudou a “pensar o socialismo e a libertar outros países do neocolonialismo”. Coggiola afirmou que Trótski enxergou as contradições da revolução, mas não foi capaz de pensar em uma forma de expandi-la mundialmente.
Volkov foi morar com o avô em 1937, aos 11 anos. Passou três anos ao seu lado, até seu assassinato, em 1940. Depois da sua morte, continuou vivendo com alguns parentes no México, onde se formou em engenharia química e vive até hoje.
Seminário Internacional 1917: O ano que abalou o mundo
Onde: Sesc Pinheiros, r. Pais Leme, 195, Pinheiros, São Paulo – SP
Quando: até 29/09
Quanto: R$ 18 a R$60
Revista Cult
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| Esteban Volkov, neto de Leon Trótski, que participou do seminário '1917: O ano que abalou o mundo' (Divulgação) |
Aos 91 anos, Volkov fez a declaração por meio de um vídeo exibido no seminário “1917: O ano que abalou o mundo”, já que não pode viajar ao Brasil, como havia programado, devido a problemas de saúde. O evento, organizado pela Boitempo em parceria com o Sesc, traz palestras e cursos sobre o centenário da Revolução Russa, e acontece até sexta (29). Também participaram da conferência o professor de História da USP Osvaldo Coggiola e o filósofo e historiador marxista italiano Domenico Losurdo.
Em sua fala, Volkov frisou como o capitalismo é capaz de acentuar o “autêntico trabalho escravo” e a exploração do homem. “Em sua etapa presente de liberalismo de economia de cassino, o capitalismo está se tornando um sistema totalmente obsoleto para a vida humana”, afirmou. “Se aproveita dos avanços científicos e tecnológicos para explorar cada vez mais o trabalhador e nosso habitat natural. Impõe fome e miséria à maioria da humanidade.”
Volkov tinha 13 anos quando, na tarde de 20 de agosto de 1940, ao entrar na casa do avô no bairro de Coyocán, na Cidade do México, encontrou-o caído na biblioteca com a cabeça sangrando – tinha sido golpeado por um comunista espanhol, a mando de Stálin. Ele nunca esqueceu a cena e há muitos anos dedica suas aparições a defender a memória de Trótski e destruir a “máquina de mentiras stalinista”.
Stálin representou, para Volkov, a constituição de uma casta burocrática que restabeleceu a burguesia e o capitalismo na União Soviética. A revolução, disse, apesar de ter sido “um dos acontecimentos mais extraordinários da humanidade”, naufragou com a instauração da ditadura stalinista. Isso aconteceu, em sua opinião, por três motivos: a impossibilidade dos bolcheviques se estenderem para outros países mais industrializados, o desaparecimento da liderança de Lênin e as grandes baixas que o exército revolucionário sofreu nas batalhas.
Os debatedores discordaram. Para Losurdo, a revolução não naufragou porque, mesmo com Stálin, ela ajudou a “pensar o socialismo e a libertar outros países do neocolonialismo”. Coggiola afirmou que Trótski enxergou as contradições da revolução, mas não foi capaz de pensar em uma forma de expandi-la mundialmente.
Volkov foi morar com o avô em 1937, aos 11 anos. Passou três anos ao seu lado, até seu assassinato, em 1940. Depois da sua morte, continuou vivendo com alguns parentes no México, onde se formou em engenharia química e vive até hoje.
Seminário Internacional 1917: O ano que abalou o mundo
Onde: Sesc Pinheiros, r. Pais Leme, 195, Pinheiros, São Paulo – SP
Quando: até 29/09
Quanto: R$ 18 a R$60
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