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| Costa Rica será o primeiro país latino-americano a ir às urnas em 2018 |
O ano eleitoral será agitado não só no Brasil, mas em outros países da América Latina, onde cidadãos de ao menos seis países irão às urnas para escolher seu próximo presidente.
Ainda haverá votações para renovar o Legislativo e governos locais em El Salvador, em março, e no Peru, em outubro, enquanto Cuba determinará em abril quem sucederá o presidente Raúl Castro, mas em um processo indireto e diferente do restante dos países da região.
O calendário pode ainda ter algumas surpresas se prosperar em Honduras o pedido da oposição de anulação da votação que elegeu Juan Orlando Hernández presidente em novembro. Ou se a crise política peruana levar à destituição do presidente Pedro Pablo Kuczynski, que sobreviveu em dezembro a um julgamento de impeachment sob acusações de corrupção.
Mas, levando em conta só as eleições já confirmadas, quem são os principais nomes na disputa? Quais ideias defendem? E quais fatores podem definir seu resultado?
Fevereiro: Costa Rica
As eleições presidenciais e legislativas na Costa Rica abrem a temporada em 4 de fevereiro. Será a 17ª convocada no país da América Central desde a fundação de sua Segunda República, em 1949. Há 13 candidatos na disputa.
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| Direito de imagemAFPImage captionA campanha eleitoral já está em curso na Costa Rica |
O alto índice de indecisos praticamente garante um segundo turno, que, caso confirmado, se dará no primeiro domingo de abril. Segundo o Centro de Pesquisa e Estudos Políticos (CIEP, na sigla em espanhol) e o jornal Universidad, 40% daqueles que estão decididos a votar ainda não têm um candidato.
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| Direito de imagemAFPImage captionBaixa popularidade do presidente Luis Guillermo Solís afeta as chances do candidato do governo |
Tudo isso é um claro reflexo do descontentamento dos cidadãos com os partidos políticos atuais em um país que identifica a corrupção como o principal problema nacional.
Abril: Paraguai
As eleições gerais no Paraguai, previstas para 22 de abril, serão a sétima desde a redemocratização, em 1989. Além de um novo presidente e seu vice, os cidadãos escolherão governadores, senadores e deputados, tanto no parlamento local como no do Mercosul.
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| Direito de imagemAFPImage captionDisputa no Paraguai se dá entre o direitista Partido Colorado e a aliança de centro-esquerda entre o Partido Liberal e o Movimento Guasú |
O candidato do Colorado será o senador Mario Abdo Benítez, filho do ex-secretário particular do ex-ditador Alfredo Stroessner, que governou o país por 35 anos. Ele derrotou nas primárias Santiago Peña, o favorito do presidente Horacio Cartés.
Enquanto a Grande Aliança Nacional Renovada tem como representante o liberal Efraín Alegre, o movimento de Lugo colocou como candidato a vice-presidente o jornalista Leonardo Rubín.
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| Direito de imagemAFPImage captionCandidato do Partido Colorado, Mario Abdo Benítez é filho do ex-secretário particular do general Stroessner |
Maio: Colômbia
Após as eleições legislativas em março, a disputa pela Presidência prevista para 27 de maio dominará todas as atenções no país.
Tudo aponta até agora para um segundo turno, em junho, sem ainda haver um claro favorito em uma votação que será decisiva para os acordos de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc.
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| Direito de imagemAFPImage captionEleições presidenciais serão um plebliscito dos acordos de paz firmados pelo atual presidente colombiano, Juan Manuel Santos |
A posição dos candidatos em relação aos acordos de paz é até agora o que melhor define os seis que têm mais chances, segundo uma pesquisa da revista Semana.
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| Direito de imagemAFPImage captionEx-comandante das FARC é um dos candidatos à Presidência na Colômbia |
Mas ainda há um longo caminho a percorrer, e possíveis alianças entre esses candidatos e outras figuras na disputa, como o ultraconservador Alejandro Ordóñez, podem mudar esse panorama, em que temas como economia e corrupção devem ganhar importância.
Julho: México
Também não há um claro favorito para as eleições mexicanas de 1º de julho, ainda que o esquerdista Andrés Manuel López Obrador lidere quase todas as sondagens.
Ele já esteve próximo de ser presidente em duas ocasiões: em 2006, foi derrotado por Felipe Calderón com uma diferença de 0,56% dos votos, e, em 2012, perdeu para o atual presidente, Enrique Peña Nieto.
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| Direito de imagemAFPImage captionÀ frente nas pesquisas, candidato de esquerda disputa pela terceira vez a eleição presidencial no México |
Seu principal rival pode não vir a ser o nome do governo, José Antonio Meade, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), mas Ricardo Anaya, candidato da Frente pelo México, uma insólita coalizão entre o conservador PAN e o esquerdista PRD.
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| Direito de imagemREUTERSImage captionRicardo Anaya tem o apoio de setores da direita e da esquerda |
A seu favor, estão os recursos e a máquina do seu partido, que, de uma forma ou de outra, ganhou quase todas as eleições presidenciais no México desde 1929, com exceção das vitórias de Vicente Fix (2000) e Felipe Calderón (2006).
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| Direito de imagemREUTERSImage captionCandidato do governo tem contra si a impopularidade do governo de Peña Nieto |
Outubro: Brasil
O primeiro turno brasileiro será em 7 de outubro e a provável segunda etapa, no dia 28 do mesmo mês, mas a primeira grande decisão desta eleição pode ser dar em 24 de janeiro - e ela não caberá aos eleitores, mas à Justiça.
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| Direito de imagemREUTERSImage captionNo Brasil, ainda não se sabe se Lula poderá ser candidato ou não |
E uma eleição com Lula como candidato seria radicalmente diferente de uma sem ele.
Uma volta do PT ao poder depois de tantas acusações de corrupção contra seus principais nomes parece impensável, mas não se o popular ex-governante for seu representante - e isso ainda pode facilitar a criação de coalizões de direita em um panorama até agora marcado pela fragmentação.
Nesta ponta do espectro político, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) aparece em segundo lugar nas intenções de voto e em primeiro no caso da ausência do petista. O governador paulista, Geraldo Alckmin, se posiciona para ser o candidato do PSDB.
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| Direito de imagemAFPImage captionDescontentamento com a corrupção faz com que brasileiros defendam uma renovação na classe política |
Acusações de corrupção afetam não só o PT, como também a maioria dos partidos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff, assim como da base do presidente Michel Temer.
Dezembro: Venezuela?
É a grande incógnita. O presidente Nicolás Maduro garantiu que haverá eleições presidenciais em 2018, "como manda a Constituição", mas a data ainda não foi anunciada e não há garantia de que o Conselho Nacional Eleitoral esperará até o mês de dezembro, como dita a tradição.
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| Direito de imagemEPAImage captionAs eleições presidenciais na Venezuela são tradicionalmente realizadas em dezembro |
A oposição passa por um momento ruim e está dividida, o que pode fazer com que Maduro adiante as eleições novamente para tirar proveito dessa oportunidade.
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| Direito de imagemEPAImage captionO presidente Maduro parece tentado a adiantar a eleição para aproveitar o momento ruim da oposição |
Enquanto Maduro também começa a ver emergir potenciais oponentes dentro do próprio chavismo, como Rafael Ramírez, ex-presidente da estatal de petróleo PDVSA, ainda há dúvidas quanto à imparcialidade e à confiabilidade das autoridades eleitorais, um motivo destacado pela União Europeia em novembro passado ao anunciar sanções à Venezuela.
Parece pouco provável que a oposição, que se dedicou por muito tempo a forçar um referendo para revogar o mandato de Maduro, vá abrir mão da chance de medir forças com o presidente, apesar da situação difícil em que se encontra.
Depois de anos de protestos nas ruas e uma brutal crise econômica, tudo indica que os venezuelanos finalmente terão a oportunidade de decidir se prosseguem com a Revolução Bolivariana ou se viram a página, quase 20 anos depois.
BBC Brasil














