Por Luis Nassif
O mais banal dos filtros, para apurar a veracidade de uma informação, é o chamado teste de verossimilhança. É o primeiro estágio. Se passar no teste, então vai se apurar se é verdadeira ou não.
A nota abaixo da Coluna do Estadão – “Fim do foro amplia no PT plano B para Lula” - não passa sequer nesse teste básico.
Diz ela:
“A decisão do STF de acabar com a prerrogativa de foro para congressistas ampliou as opções de “plano B” no PT caso o ex-presidente Lula seja impedido de disputar a eleição. Alvo da Lava Jato, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, entrou na lista de cotados. Ela tem sinalizado que irá disputar vaga de deputada federal, mas, sem a garantia de que manterá seus casos no Supremo, pode acabar assumindo a vaga de candidata ao Planalto. Jaques Wagner, também investigado, planeja disputar o Senado e diz que não aceitará outra missão”.
Missão dada. Gleisi e Wagner seriam os únicos que, na avaliação de Lula, teriam coragem de assinar o indulto para livrá-lo da prisão e de rever a lei da delação premiada. Fernando Haddad não cumpriria tarefas como essas”.
É nota inverossímil, e sem sentido, supor que o critério, para a candidatura do PT, seja conceder ou não indulto a Lula. É evidente que, se qualquer candidato do PT for eleito, seu primeiro ato será assinar o indulto de Lula.
A notas, em questão, não conversou com Lula, nem com Gleise, Wagner ou Haddad, nem com quem conversou com eles sobre o tema, se é que esse debate algum dia existiu. É a chamada “nota do deadline”, ou seja, a que faltava para fechar a coluna no apuro do tempo.
Na continuação, provavelmente hoje de manhã, a própria nota se desmente:
“Me esqueçam. Jaques Wagner nega que tenha mudado seus planos por causa do fim do foro privilegiado. “Sou candidato ao Senado e já estou em campanha”, disse ele. Gleisi não retornou. Nesta segunda, a assessoria da presidente do PT disse que a nota “é fantasiosa” e enviou o comentário a seguir para a Coluna: “Nem a senadora Gleisi Hoffmann é candidata a vice-presidente nem discute qualquer alternativa à candidatura Lula, já definida pelo PT.”
GGN