Junho de 2009, Manual Zelaya, presidente de Honduras era sumariamente deposto por forças militares, como forma de recolocar o país no “caminho” considerado correto pela direita e a extrema-direita do país. Compreendido como uma espécie de intervenção americana, a ONU classificou como Golpe Militar. À época, Lula que era presidente do Brasil, abrigou Zelaya na embaixada brasileira, sendo muito criticado pela mídia velha e muito atacado pela elite estúpida brasileira.

Assim como, no século passado a série de golpes militares na América Latina também se iniciou por Honduras, com correção de rumos, erros e alteração de rotas, chegando à Operação Condor, vitimando milhares de pessoas no Brasil, Argentina, Chile, Peru e demais países latino-americanos. Lula, sabendo dessa nova movimentação também fez correções de rumo na economia, ampliando o estado e expandindo o crédito no Brasil, como forma de melhorar consideravelmente a vida localmente. De fato, a estratégia de resistir abrigando Zelaya na embaixada brasileira havia falhado, restava barrar a marcha da insanidade americana com políticas públicas e econômicas que iam na direção de melhorar a vida dos brasileiros, o que deu certo e segurou qualquer assédio externo, ao menos por um tempo.

Honduras se tornou o exemplo e uma espécie de luz no que estava no porvir para a esquerda e para o Brasil e para o PT. Lá, após o exílio de Manuel Zelaya na República Dominicana, depois de ter salvo conduto para sair da embaixada brasileira, pediu que os hondurenhos não participassem das eleições seguintes. O pedido de abstenção também levou a esquerda local a uma participação reduzida, conduzindo Pepe Lobo a um governo legitimado por uma eleição ilegítima que a não participação das forças progressistas minou o poder de resistência política ao golpe de estado e à redução do estado, com privatizações, reformas reducionistas de direitos e a liberalização da exploração humana. Qual foi o resultado?

Honduras vive hoje uma espécie de território do “não estado”. Forças policiais praticamente dissolvidas, participação mínima do estado na vida dos cidadãos, elevação absurda da pobreza pela negação completa de serviços que antes eram públicos. Toda essa agenda ultraneoliberal do golpe militar não sofreu resistência política significativa, o que explicaria o fato de Lula não fugir e se deixar prender pela Lava Jato. Mais que isso, explicaria a participação do PT no pleito deste ano, que já começou fraudado. Com uma bancada “anti-destruição” do país, terá força para resistir, caso não vença no segundo turno.

Já Honduras, mergulhada no completo caos social, tem uma classe média extremamente reduzida, a ponto de ser considerada uma elite econômica local, que só consegue se deslocar pelo país, contratando escolta armada pessoal. A morte do estado hondurenho, calcada na lógica do “estado nada”, amordaçou o governo para qualquer tipo de reação e reconstrução do tecido social. O resultado óbvio, para os mais pobres, foi sair em marcha em direção ao “paraíso americano”. O governo dos EUA de Obama promoveu o golpe hondurenho e agora, colhe a marcha da insanidade americana, cujos retirantes baterão às portas da “casa grande” do Novo Mundo.



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