Bolsonaro é o derradeiro capítulo de um processo de autodestruição das elites políticas brasileiras. Como todos os outros capítulos, é uma vergonha e uma desgraça.
A eleição de Jair Bolsonaro aconteceu sem surpresa e não apenas por causa da sua vitória categórica na primeira volta ou devido às sondagens que o colocavam a grande distância de Fernando Haddad. Depois de tantos escândalos, da espiral de violência, de crises que foram da economia à ética, de uma destituição (a de Dilma Rousseff) aprovada por um congresso minado pela corrupção, não surpreende que os brasileiros elejam um Presidente que não resiste sequer ao teste da decência mínima que se exige a qualquer cidadão. Bolsonaro é o derradeiro capítulo de um processo de autodestruição das elites políticas brasileiras. Como todos os outros capítulos, é uma vergonha e uma desgraça.
Se o novo Presidente do Brasil tem um mérito é o de não esconder a sua homofobia, o seu racismo, ou a sua propensão para a arruaça e para a violência. Não sabemos o que ele pensa sobre a educação ou as finanças públicas (recusou todos os debates), mas sabemos sim o que ele gostava de fazer aos negros, aos gays ou aos militantes do PT. E é por conhecermos essas misérias que vai ser fundamental saber se as instituições incumbidas de defender os valores que ele ataca serão capazes de o travar. Sem uma maioria no Congresso, Bolsonaro vai ter de negociar todas as leis espúrias que lhe passam pela cabeça. Mesmo que as consiga aprovar, terão se passar pelo crivo do Supremo Tribunal Federal que zela pela Constituição. Mesmo que se esvazie a Constituição, há no Brasil organizações sociais, sindicatos e a imprensa para escrutinar os seus delírios.
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