Em um estudo inédito, os pesquisadores Thomas Anderson da Universidade de Toronto e Rotem Petranker da Universidade de York, no Canadá, analisaram os possíveis efeitos do microdosamento de psicodélicos.

Eles compararam pessoas que ingerem microdoses, ou seja, quantidades muito pequenas de substâncias psicodélicas – como LSD, “cogumelos mágicos” (psilocibina) e outros – com pessoas que não utilizam essas drogas e descobriram que os usuários tinham pontuações melhores em diversas medidas de saúde mental e bem-estar.

Especificamente, os adeptos das microdoses psicodélicas pontuaram mais em sabedoria, mente aberta e criatividade. Eles também tinham menos atitudes disfuncionais e emoções negativas, o que é muito promissor para a ciência clínica.

Mudanças sutis, não alucinações


O que significa usar microdoses psicodélicas?

Geralmente, tomar de 5 a 20 microgramas de LSD, ou 0,1 a 0,3 gramas de cogumelos contendo psilocibina, ou doses muito baixas de drogas mais exóticas, como 1P-LSD, ALD-52 ou 4-AcO-DMT.

Não importa a substância, a microdosagem implica uma dose tão baixa que o indivíduo experimenta apenas mudanças sutis de percepção, não alucinações.

Ou seja, a pessoa não “viaja” com uma microdose; apenas vive o seu dia normalmente, incluindo estudar, trabalhar ou cuidar da casa.

Método


Nenhum estudo experimental avaliou microdoses psicodélicas até agora. Esta nova pesquisa também não. Segundo os pesquisadores, o ideal seria fazer um ensaio clínico randomizado controlado por placebo para determinar definitivamente os efeitos da microdosagem. Essas substâncias são ilegais, no entanto, de forma que há dificuldades envolvidas.

O que os pesquisadores fizeram foi investigar as experiências de pessoas que já utilizam microdoses, através de questionários. Os participantes foram recrutados online e interrogados sobre seus padrões de microdosagem e sua saúde mental.

Resultados


Os cientistas descobriram que os usuários de microdoses pontuam mais em “sabedoria” do que os não usuários. No contexto deste estudo, “sabedoria” implicava considerar múltiplas perspectivas, aprender com os erros, estar em sintonia com as emoções e as pessoas e sentir um senso de conexão.

Eles também eram mais criativos e abertos. A criatividade, neste caso, significava encontrar usos incomuns para objetos comuns, uma medida bem validada do pensamento divergente, embora certamente não seja a única.

Adeptos das microdoses psicodélicas também pontuaram menos em medidas de atitudes disfuncionais e emoções negativas (também conhecidas como neuroticismo). Atitudes disfuncionais são crenças como: “meu valor como pessoa depende muito do que os outros pensam de mim”. A alta emotividade negativa significa uma maior probabilidade de ter um transtorno de saúde mental, como ansiedade e depressão.

Ressalvas


Os resultados são promissores, mas não indicam se a microdosagem causou alguma dessas diferenças ou vantagens.

Talvez as pessoas com melhor saúde mental tenham maior probabilidade de experimentar a microdosagem, ou talvez haja alguma causa desconhecida que torna as pessoas mais propensas a microdosar e a serem criativas.

Por fim, o trabalho também indicou algumas desvantagens do microdosamento. Por exemplo, algumas pessoas disseram que o uso dos psicodélicos aumentava sua ansiedade e instabilidade do humor, e dores e desconforto gastrointestinal também foram relativamente comuns.

Claro, o principal lado negativo é que essas substancias são ilegais – a microdosagem faz de você um criminoso.

Próximos passos


De acordo com a dupla canadense, a pesquisa em microdoses, juntamente com psicodélicos de dose plena, é promissora para a ciência clínica, mas experimentos controlados de laboratório são necessários para testar sua segurança e eficácia.

O artigo sobre o estudo foi compartilhado gratuitamente aqui. As descobertas serão publicadas em breve na revista Pharmacology. [TheConversation]


Hypescience

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