REPRODUÇÃO



por Redação RBA 

Ao lado dos generais Otávio Rêgo Barros, porta-voz do governo, e Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Bolsonaro faz live no Facebook e anuncia novos retrocessos

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem (7), em transmissão ao vivo pelo Facebook, que vai retirar informações sobre educação sexual que atualmente compõem a "Caderneta de Saúde do Adolescente", impressa pelo Ministério da Saúde e dirigida a meninas e meninos entre 10 e 19 anos. Ele sugeriu ainda que os pais rasguem as páginas da cartilha com as ilustrações que ele julga inadequadas e que aguardem um novo material que já está sendo preparado. As afirmações foram imediatamente criticadas por especialistas.

Durante a live, o presidente exibiu desenhos da cartilha que explicam como usar e descartar a camisinha masculina e como as adolescentes devem manipular a camisinha feminina. Bolsonaro também mostrou para a câmera um desenho da genitália feminina mostrando suas divisões, acompanhada de um texto que detalha como deve ser feita sua higiene íntima.

Bolsonaro ainda criticou as páginas da cartilha que falam sobre a descoberta da sexualidade na adolescência e destacou que o material foi produzido pelo "governo Dilma Rousseff e foi impresso 'em grande quantidade'".

"São 40 páginas, tem muitas informações boas, precisas, mas o final dela fica complicado, no meu entendimento", disse o presidente, ao lado dos generais Otávio Rêgo Barros, porta-voz do governo, e Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

Em seguida, informou que debateu o assunto com o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, e que seu governo vai produzir uma nova cartilha sobre a saúde de meninas: "Expus o problema e então a solução, a decisão que ele tomou: vai fazer uma nova cartilha, com menos páginas, mais barata, sem essas figuras aqui no final, e vamos rapidamente distribuir, recolher essas anteriores."

Ao jornal O Globo, o especialista em reprodução humana Georges Fassolas afirmou que rasgar a caderneta ou suprir informações é um "retrocesso" e priva as adolescentes – e também os meninos da mesma faixa etária – de informações fundamentais para seu desenvolvimento sexual. "Estamos em um mundo onde há muitos problemas relacionados à gravidez na adolescência e às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), e isso seria de fácil prevenção caso houvesse uso de preservativos. É difícil explicar esse processo sem uma figura (desenho, ilustração ou foto). Não podemos desprezar um conteúdo tão importante devido a questões moralistas sobre órgãos sexuais", disse.

O professor de saúde coletiva da Unifesp e ex-ministro da Saúde na gestão de Dilma Rousseff, Arthur Chioro, classificou como "irresponsabilidade", a possibilidade de Bolsonaro retirar as orientações sobre educação sexual da cartilha. "É lamentável quando alguém coloca suas convicções pessoais acima do interesse público", afirmou ao jornal Folha de S.Paulo

Segundo Chioro, o material é distribuído por municípios, em parceria com unidades de saúde e escolas. Nos últimos anos, o material foi distribuído por meio de iniciativas como o Programa Saúde na Escola, por exemplo. "É um material importante e muito seguro. Não é uma construção amadora. Ele trabalha lastreado em evidências científicas. Não são gestores que desenvolvem esse tipo de material, mas sociedades de especialistas", disse.

Para Chioro, ainda na Folha, a medida pode representar um retrocesso nas ações de prevenção, sobretudo entre adolescentes, grupo que costuma não procurar as unidades de saúde.

Thomaz Gollop, ginecologista e membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, concorda. "No momento em que se retira da cartilha um material que fala sobre educação sexual, infringem-se princípios básicos de saúde. O preservativo tem uma função importante para a prevenção às DSTs. Como vamos ser a favor de não prevenir doenças?", questiona, no O Globo.


Rede Brasil Atual

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads