Imagem do vídeo reproduzido pelo presidente Jair Bolsonaro em sua rede social na noite de domingo. Classificada como "conteúdo sensível.Reprodução / Twitter
Líderes da oposição classificaram a divulgação do vídeo como conduta incompatível com o cargo e avaliam a possibilidade de tomar alguma providência em relação ao episódio. “Não podemos descartar a possibilidade de solicitar um teste de sanidade mental”, provocou o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).
A gravação publicada na conta oficial de Bolsonaro no Twitter mostra um homem dançando sobre um ponto de táxi. Ele introduz, aparentemente, o dedo no ânus enquanto dança. Na sequência, outro jovem urina na cabeça dele. Embora o presidente não tenha identificado o local onde foi registrada a cena, o episódio ocorreu na segunda-feira (4) em um bloco chamado Blocu, no centro de São Paulo.
“Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões”, escreveu o presidente, que foi um dos alvos preferenciais nos blocos de carnaval de rua em todo o país.
Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conslusões: pic.twitter.com/u0qbPu9sie— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 5 de março de 2019
O vídeo foi denunciado por vários usuários ao Twitter por conteúdo impróprio. Para o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), as publicações do presidente são incondizentes com o cargo que ele ocupa.
“Os tweets de Bolsonaro são, do início ao fim, incondizentes com o cargo que ocupa. Um Presidente tem obrigação de agir com um mínimo de decoro. Ele demonstra não ter postura ou responsabilidade. Totalmente sem noção. É inacreditável”, criticou.
Molon faz alusão ao parágrafo 7º do artigo 9º da Lei do Impeachment diz que “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo” é crime de responsabilidade contra a probidade na administração pública.
“É bizarro. É gravíssimo. Bolsonaro descontrolado reage as manifestações contra ele em todo Brasil e publica vídeo para detonar o carnaval. Expõe o país no mundo, propaga o preconceito e quebra as regras do Twitter. É urgente analisarmos ainda hoje as medidas a serem adotadas”, tuitou Paulo Pimenta.
Uma das parlamentares mais próximas do presidente, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) saiu em defesa de Bolsonaro. "Quem denigre a imagem e a cultura do povo são vocês. O Presidente é nosso mandatário para resgatar-nos da Lama em que a esquerda nos jogou. #BolsonaroNossoPresidente , estamos juntos!", publicou a deputada. "Essas cenas aviltam meu olhos, minha alma e meu senso de dignidade. Não consigo ver mais do que alguns segundos. Quem são essas pessoas, meu Deus! Que doença terrível o esquerdismo!", acrescentou.
A oposição também defende a exclusão da conta de Bolsonaro no Twitter, usada diariamente pelo presidente para se comunicar diretamente com a população. A plataforma estabelece uma série de diretrizes sobre a publicação de conteúdo adulto. Dizem as regras do Twitter:
"Consideramos conteúdo adulto qualquer mídia que seja pornográfica ou destinada a causar excitação sexual. Alguns exemplos incluem, mas não estão limitados a representações de: nudez total ou parcial, incluindo closes dos órgãos genitais, nádegas ou seios; simulação de ato sexual; ou relação sexual ou qualquer outro ato sexual envolvendo seres humanos, representações de animais com características humanas, desenhos, hentai ou animes."
De acordo com as normas da plataforma, mídias com conteúdo adulto devem ser classificadas como sensíveis, uma espécie de filtro para saber se o usuário concorda em ver as imagens ou não. Isso não foi feito pelo presidente no primeiro momento. A advertência só foi publicada duas horas após a publicação do conteúdo.
Nessa terça-feira Bolsonaro atacou os cantores Caetano Veloso e Daniela Mercury pela música Proibido Carnaval, em que criticam a censura e defendem a liberdade de expressão na principal festa popular do país. Bolsonaro sugeriu que "dois famosos" estavam incomodados com o corte de verbas da Lei Rouanet. Daniela escreveu uma carta aberta ao presidente, dizendo que ele não compreendia a lei, cobrando respeito e pedindo um basta às fake news contra a legislação de incentivo à cultura.
Bolsonaro foi tema de protesto em vários blocos de carnaval país afora. Como mostrou o Congresso em Foco, um bloco em Belo Horizonte foi alvo de uma intervenção da Polícia Militar de Minas Gerais, na noite da última sexta-feira, após manifestações políticas contra o presidente. Em seguida, o capitão teria afirmado que "aquilo não podia continuar" e que o policiamento seria retirado se as manifestações políticas não parassem. Procurado, o porta-voz da PM de Minas, major Flávio Santiago, negou que tenha havido censura. Segundo ele, o que houve foi uma "recomendação" para que as manifestações políticas parassem.
Congresso em Foco

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