Por Leonardo Giordano
Os desmontes baseados em preconceitos ideológicos, slogans idiotas e chavões parecem não ter fim. Enquanto a maioria dos países cuida de suas universidades pela óbvia razão de que pretendem assegurar o futuro de seus povos, as nossas são acusadas de “antros de usuários de drogas”, “marxismo cultural” (como sequer se define o que é isso?) e de “gastança”.

Depois do desmonte ambiental que está chocando o mundo, da deforma da previdência e de palhaçadas e idiotices as mais diversas (do Golden Shower a fritar hambúrguer no Maine, passando por teleshop) o discipulado de Olavo de Carvalho, que tem dúvidas sobre terra plana, vacinas e malefícios do tabagismo, traça um projeto de raquitismo eterno para as universidades públicas.

Existia no Brasil até algum tempo atrás, antes da esculhambação geral que virou o debate público, um consenso geral que aparecia na fala do povo: para melhorar o país o caminho é investir na educação. Todo mundo dizia, repetia e concordava com isso. Era senso comum, porque todo mundo, até certo tempo atrás, era mais criterioso em relação ao comportamento dos governos e o ambiente não era tão tóxico e cheio de imbecis quanto é agora. O abalo na inteligência nacional é sísmico.

Professores horistas que ganharão mais do que concursados define a extinção do concurso público. Fim do FIES (financiamento estudantil público), com a financeirização do mecanismo fecha a Universidade ainda mais. Mensalidades pagas por faixa de renda, quando todos sabemos que isto significa o gradativo fim da ampliação do acesso e que, naturalmente, essas tabelas serão aumentadas progressivamente a cada dor de barriga do governo de plantão, recuperando um modelo elitista de universidade. É a contramão do acesso cada vez maior, para cada vez mais brasileiros.


Tudo neste projeto baseia-se na idéia de investir menos dinheiro público nas universidades públicas. E cada ação aparece como justificadora do centro político deste objetivo cristalino. Mais dinheiro privado, mais cortes, mais arrocho para investir o menos possível.

Contratação de OS (As organizações “sociais”, essas mesmo que vivem de escândalo em escândalo de corrupção nas demais áreas), PPPs (parceria público privado) a rodo, com a pesquisa sendo orientada pelo mercado. Se uma pesquisa não interessar ao dono da empresa financiadora para obtenção de lucro, esta pesquisa não acontecerá mais. Controle particular e privado dos rumos e sentidos da pesquisa nacional. Patriotas, como sempre, esse pessoal da escola de chicago.

Não podiam faltar as as “juntas de governança”, nomeadas pelo presidente, ou ficaria faltando a vertigem pelas ditaduras que abundam no atual governo. Fusão, fechamento ou venda de algumas das universidades brasileiras. Etc e etc.

Nada pode nos surpreender quando o Ministro da Educação defende abertamente que cumprir a Lei e gastar 10% do PIB (com educação) é descabido(!). Nunca vi alguém marcar gol contra com tanto gosto.

Que se Futurem todos nós, e os críticos e os que estão preocupados em sobrar país ao fim desse governo. O que importa é que “universidade é balbúrdia”. Agora, finalmente temos um governo sem “viés ideológico”. Objetivamente e sem contaminação de quaisquer idéias mais complexas, opera para realizar a cada vez as piores e mais medíocres escolhas. Nisto tem se mostrado um governo de eficiência, mesmo. Dou o braço a torcer.

O burro faz exatamente o contrário dos países que respeitam a si próprios e zelam pelos seus. Estes são cuidadosos no manejo do futuro. Agregam valor a suas instituições e as fortalecem. Promovem a universalização do conhecimento e da formação do povo, pois abandonaram a astrologia e o misticismo há séculos, em no favor das luzes da ciência. O Iluminismo ainda chegará ao Brasil algum dia desses e, esperamos, venha com ele a importância e valor das universidades.

Leonardo Giordano, vereador em Niterói pelo PCdoB.




O Cafezinho

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