Governadores do Nordeste falam à imprensa após reunião com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na foto, fala o governador do Piauí, Wellington Dias.
PUBLICADO NO BLOG DE MOISÉS MENDES
POR MOISÉS MENDES
Foi amplificada desde ontem a pergunta que voa em torno de Bolsonaro como uma mosca que o golpe engordou: qual é o limite do apoio da direita a ele e ao governo, se o próprio Bolsonaro prova todos os dias que suas falas e atitudes não têm limites?
Qual é a racionalidade do apoio de uma direita dita liberal a um presidente que nega a existência de famintos e miseráveis (ainda mais miseráveis desde a eleição) e que ataca nordestinos como paraíbas governados por políticos inimigos, que não devem ter apoio nenhum do governo?
A direita, à espera do FGTS e dos efeitos da reforma da Previdência (que efeitos difusos seriam esses?) não vai brigar com Bolsonaro agora. A direita tentou e recuou da ideia de que Mourão poderia ser uma alternativa. Entraram na arapuca que elegeram e não conseguem sair.
Mas não há alternativa em manobras. A única saída contra a destruição da educação, da saúde, do ambiente, a única forma de salvar o que sobrou de alguma coesão social, das expectativas e, claro, dos restos de sonhos é a reação crítica das pessoas, uma mobilização mínima contra o que está claramente caracterizado como autoritarismo e revanchismo.
E aí há quem debata se Bolsonaro tem método. Não há método na cabeça do ministro do Meio Ambiente que destrói o ambiente? Da ministra da Agricultura que libera venenos? Do cara da Educação que vai acabar com a educação pública? Do Batman da Justiça, que reafirma no governo as táticas da Lava-Jato?
O método básico, bem representado pelos filhos, é o movido pelo ressentimento, pelo ódio, pela perseguição e pela discriminação. Bolsonaro quer destruir tudo que for de esquerda ou que acha que seja de esquerda e governar para os 18% da sua base dita ideológica, formada pelos brancos ricos, a classe média decadente e os pobres que se acham ricos.
Mas e o resto? O resto ainda pensa no que fazer, se é que pensa depois de cada gesto de reafirmação de que a coisa se movimenta mesmo com os militares, com o Supremo e com tudo, incluindo os milicianos.
O resto pode ser dividido entre os tomados pela ignorância profunda, os resignados, os omissos, os cansados, os acovardados e suas subdivisões.
O resto é maior do que Bolsonaro e sua base de apoio, muito maior, mas só uma parte pequena desse resto tem manifestado alguma força para pensar, se articular e reagir. O resto é um imenso resto.
Hoje, só os paraíbas poderiam nos salvar.
DCM

إرسال تعليق
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;