O presidente Jair Bolsonaro recebe o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, no Palácio do Planalto, em Brasília. Foto: Agência Brasil
Uma espécie de comissão bicameral foi instaurada para investigar as autoridades paraguaias que atuaram no acordo. Uma lista de quem participou das negociações foi fornecida por um ex-dirigente da estatal de energia paraguaia
Jornal GGN – O presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez ainda vive a ameaça de um processo de impeachment, mesmo após o governo brasileiro, sob Jair Bolsonaro, anunciar que desistiu oficialmente do acordo de Itaipu. É o que aponta o portal de notícias do Paraguai, Ultima Hora.
A negociação do acordo foi feita há meses, sob sigilo, e somente por pressão do Congresso paraguaio é que os termos foram revelados há alguns dias, passando a pivô da crise que pode derrubar Benítez.
A oposição entende que o governo Benítez traiu os interesses da Nação ao assinar o acordo de Itaipu após a supressão de uma cláusula (o “ponto 6”) que permitia a comercialização de até 300 MW de energia excedente ao mercado brasileiro pela ANDE (estatal paraguaia de energia).
A remoção do item ainda tem como pano de fundo outra polêmica: a participação mal explicada de lobista que usaram o nome da família Bolsonaro em nome da empresa brasileira Leros, que queria poder comprar a energia excedente da ANDE e redistribuir com exclusividade no Brasil, sem precisar passar por um chamamento público que despertasse o interesse das concorrentes brasileiras.
A Leros teria contato com a ajuda de um empresário brasileiro chamado Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), e interessado em fornecer produtos para a distribuidora caso ela saísse, de fato, beneficiada no acordo de Itaipu.
Segundo os jornais Ultima Hora e ABC Color, o empresário brasileiro teria usado, com as autoridades do Paraguai, o nome dos Bolsonaro para pressionar pelas mudanças que agora afetam a cúpula do governo vizinho. Ao BuzzFeed, porém, ele negou essa informação.
O GGN mostrou mais detalhes sobre essa parte da história em dois posts: aqui e aqui.
Segundo o jornal paraguaio Ultima Hora, a oposição a Benítez insiste em apresentar na segunda-feira (5) um “pedido de julgamento político” contra o presidente. Políticos de oposição entenderam que o recuo do Brasil no acordo de Itaipu é uma “mentira” e demonstraram insatisfação com as explicações fornecidas até agora. O julgamento político seria ainda uma maneira de dizer que a sociedade não tolera mais as negociatas de governantes.
Uma espécie de comissão bicameral foi instaurada para investigar as autoridades paraguaias que atuaram no acordo. Uma lista de quem participou das negociações foi fornecida por um ex-dirigente da ANDE. O vice-presidente do Paraguai, Hugo Velazquez, está mais encrencado do que Benítez, pois o lobista paraguaio que supostamente atuou em favor da Leros usou seu nome para pressionar a mudança do acordo de Itaipu tanto na ANDE quanto no Ministério das Relações Exteriores do Paraguai.
Mais de quatro membros do primeiro escalão já renunciaram aos cargos por conta da crise.
Leia mais aqui e aqui.
GGN

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