Documento obtido pela lei de acesso à informação confirma entrada de empresário lobista da Leros no Palácio do Planalto, apenas 1 dia depois que Jair Bolsonaro esteve com Abdo em Itaipu

Por Jornal GGN

Foto: Agência Brasil


Jornal GGN – Um dia depois de conhecer o presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez, em 26 de fevereiro de 2019, Jair Bolsonaro teria recebido em seu gabinete presidencial o empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL) e um dos protagonistas do escândalo que levou o acordo de Itaipu a ser suspenso.

Giordano praticamente atuou como lobista da empresa Leros, interessada em comprar com exclusividade energia de Itaipu para redistribuir no mercado brasileiros. Às autoridades do Paraguai – país que saiu prejudicado da negociação – a Leros foi apresentada como uma companhia ligada à família Bolsonaro.
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O jornal ABC Color afirmou nesta quarta (28) que o elo entre Bolsonaro e Giordano foi confirmado a partir de um pedido de acesso à informação feito pelo deputado Ivan Valente (PSOL), que revelou a agenda entre o presidente e o lobista no Palácio do Planalto, em 27 de fevereiro, às 8h59.

No Paraguai, Giordano se encontrou com outro lobista, Joselo Rodriguez, que se apresentava como “assessor-jurídico” do vice-presidente do Paraguai, Hugo Velazquez.

Foi com essa credencial que Rodriguez – um jovem advogado cuja mãe também tinha cargo no governo, mas acabou se demitindo após o escândalo – pressionou técnicos e a cúpula da ANDE (a estatal paraguaia de energia) para aceitar mudanças no acordo de Itaipu que beneficiariam a Leros.

Segundo informações da imprensa paraguaia, nessa história toda, caberia a Jair Bolsonaro autorizar a futura operação da Leros, mesmo que, para isso, tivesse de atropelar a Eletrobras e outras empresas brasileiras mais habilitadas para o serviço.


O caso passou a ser investigado pelo Congresso do Paraguai, que levantou a informação de que Giordano, apesar de suplente, teria se apresentado como senador, além de ter falado da proximidade com os Bolsonaro para garantir o acordo.

Procurado pelo Estadão, Giordano disse que Bolsonaro não estava no gabinete e que ele foi recebido pelo chefe da Comunicação Social, Floriano Amorim. Este último nega que tenha conhecido o empresário em qualquer ocasião.

O elo entre Giordano, a Leros e os Bolsonaro ficou claro a partir de mensagens de WhatsApp divulgadas pelo próprio advogado Joselo Rodriguez. Ele confirmou que, em 10 de maio passado, ocorreu no Paraguai a primeira reunião em que Giordano usou a família presidencial brasileira para pressionar por mudanças no acordo de Itaipu.

Rodriguez afirmou que Giordano afirmou não só para ele, mas para todas as autoridades paraguaias que conheceu, que os Bolsonaro estavam por trás da operação da Leros, que iriam garantir a autorização para que a empresa importasse energia, embora existam outras brasileiras no mercado que poderiam e já tinham demonstrado interesse em disputar o negócio, como a Cemig e a Copel.

As alterações acabaram resultado num prejuízo de 200 milhões de dólares para a ANDE. Segundo os jornais do Paraguai, diplomatas brasileiros envolvidos na negociação teriam prometido apenas “de boca” (sem fazer constar em contrato) reparar esse prejuízo, se o acordo de Itaipu fosse assinado com as alterações que interessariam à Leros.


GGN

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