Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Reunião Nacional.REUTERS/Ints Kalnins
A líder de extrema direita Marine Le Pen desistiu de participar da cerimônia em homenagem ao ex-presidente Jacques Chirac, prevista nesta segunda-feira (30) na igreja Saint-Sulpice, em Paris. Ela foi barrada pela família do ex-chefe de Estado conservador, que não queria sua presença no culto religioso. No passado, o pai de Marine, Jean-Marie Le Pen, que está com 91 anos, declarou o ex-presidente Chirac como um "inimigo" político.
Em um tuíte, Marine Le Pen afirma lamentar que a família Chirac "tenha decidido não respeitar os costumes republicanos, que permitem a todos os representantes eleitos pelos franceses de participar da cerimônia em homenagem ao ex-presidente". Segundo uma fonte próxima à família, o clã Chirac soube no sábado (28) pela imprensa da provável aparição indesejada de Marine e se manifestou de modo a evitá-la. O ex-presidente morreu na quinta-feira (26) aos 86 anos. Ele sofria de Mal de Alzheimer há vários anos.
Um decreto francês de 1989, relativo a cerimônias públicas, estabelece a lista de órgãos e autoridades que podem ser convidados. De fato, os deputados fazem parte e Marine Le Pen, enquanto parlamentar eleita pela região de Pas-de-Calais (norte), teria a possibilidade de participar da cerimônia fúnebre.
No entanto, o ministro das Contas Públicas, Gérald Darmanin, também se emocionou no domingo com o anúncio da presença de Marine Le Pen na igreja Saint-Sulpice, no 6° distrito da capital.
A cerimônia solene em homenagem a Chirac vai reunir os três ex-presidentes franceses ainda vivos – François Hollande, Nicolas Sarkozy e Valéry Giscard d'Estaing –, e ao menos 30 personalidades estrangeiras, incluindo o presidente da Rússia, Vladimir Putin. O presidente Emmanuel Macron vai presidir o ritual. Na sequência, o enterro acontecerá no cemitério de Montparnasse, em uma solenidade reservada para a família e convidados.
Republicanos rejeitam palanque à família Le Pen
Em um programa de TV que recebe políticos aos domingos, Marine Le Pen disse nesta manhã que "o respeito pelo espírito republicano faz com que, na morte, não estejamos mais em conflito político, na contestação política, mas, sim, na homenagem". Porém, a interpretação da família Chirac não foi a mesma.
O pai de Marine, Jean-Marie Le Pen, enfrentou Chirac no segundo turno das eleições presidenciais de 2002. Chirac foi plebiscitado nas urnas, vencendo o opositor de extrema direita por 82,21% dos votos. Na época, o líder conservador recebeu o apoio de todos os demais candidatos que disputaram o primeiro turno, à exceção da comunista Arlette Laguiller. Chirac também se recusou a participar de um debate com Le Pen antes do segundo turno, declarando que "não havia debate possível ante a intolerância e o ódio".
A direita francesa chegou a negociar alguns acordos com a extrema direita nos anos 1980, mas Chirac rompeu posteriormente todos os laços com a Frente Nacional, o partido nacionalista xenófobo fundado por Jean-Marie Le Pen. Marine herdou a chefia da legenda em 2011, mas desde então tenta se livrar do passado nada glorioso de seu pai e da sigla, vendendo a imagem de uma direita nacionalista reciclada. Em junho do ano passado, ela mudou o nome do partido para Reunião Nacional (RN), mas continua enfrentando forte resistência dos adversários republicanos.
RFI
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