Conhecido por ser um país diplomático o Brasil vem perdendo protagonismo no exterior

Por Jornal GGN


A imagem do Brasil na ONU em meio a escândalos políticos internos

por Natália Novaes


Diante de tantos escândalos na política brasileira, rachas e brigas internas nos principais partidos, da bipolaridade instalada entre os eleitores no país, a imagem do Brasil vai por ladeira abaixo.

Historicamente, o Brasil sempre manteve boas relações diplomáticas com países no exterior e sempre participou ativamente em discussões em cúpulas internacionais. Estava a frente de mais de 30 operações especiais de manutenção de paz da ONU e é adepto de vários tratados e acordos internacionais.

O que espanta é a velocidade com que mais de meio século de história da parceria do país com estes órgãos vêm declinando sistematicamente.

Recentemente, o discurso do Brasil foi vetado na Cúpula do Clima em Nova York, o Secretário-Geral da ONU negou a exclusão do país da programação, mas o fato é que não houve nenhum convite feito formalmente. O discurso do presidente Jair Bolsonaro, que abriu a Assembleia Geral da ONU, também na mesma semana em que acontecia a cúpula, foi mal avaliado e rechaçado por vários líderes de outros países.

A falta de comprometimento do governo atual com questões essenciais a sociedade, como o meio ambiente, tem levado o mundo a cobrar do Brasil uma postura positiva frente aos problemas, no entanto a falta de resposta do governo ou inabilidade nas relações exteriores fazem a imagem deste decair.

As críticas não partem só de fora para dentro, mês passado a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) denunciou o presidente na ONU. O documento foi entregue para a Comissão de Direitos Humanos. No texto os representantes da OAB, acusam o presidente de promover “retrocesso político” no país.

A entidade decidiu utilizar seu espaço de foro consultivo na Comissão de para chamar a atenção da comunidade internacional para a situação atual brasileira.

Recentemente, Jair Bolsonaro se envolveu em uma polêmica dando declarações contra a Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet. “Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba (…)” afirmou. “Parece que as pessoas que não tem nada para fazer, como Michelle Bachelet, vão para a cadeira de direitos humanos da ONU”, completou Bolsonaro. O pai da ex-presidente, o general Alberto Bachelet, morreu em 1974 após ter sido torturado por agentes da ditadura de Augusto Pinochet e por recusar a se unir ao golpe no país.

A declaração do presidente brasileiro provocou reações negativas em líderes de vários países. No Brasil, a OAB e o Instituto Vladimir Herzog disseram em nota que os comentários de Bolsonaro eram uma apologia à ditadura chilena.

O documento entregue em Genebra não é um pedido de processo, e sim uma denúncia que será acrescentada às irregularidades já mencionadas pelo alto comissariado no seu relatório sobre a situação política.O Brasil que foi reeleito como membro da direção da Comissão de Direitos Humanos, quase perdeu seu espaço no conselho.

O advogado e doutor em direito internacional, Jefferson Nascimento, comenta que a ação da OAB tem o efeito de “jogar luz” para a comunidade internacional sobre a real situação brasileira. “Na ONU há a visão de que o Brasil tem avançado no debate sobre os direitos humanos. Então, quando você tem uma entidade que apresenta uma denúncia como esta, ficam explícitas as contradições.”

Nascimento reforça que a imagem vendida do Brasil na ONU, não condiz com o que é de fato. “Hoje percebemos cada vez mais o fechamento do debate no espaço democrático, a perseguição à professores e o genocídio dos jovens negros no país”.

O advogado explica que, embora, simbolicamente a ação promovida pela OAB seja muito importante, uma vez que rebaixa a imagem Brasil, levando seu nome ao chamado “naming and shaming”, a ONU não pode se comprometer com nenhuma ação radical. “O que acontece na prática é um apontamento da entidade contra o Brasil, ela não pode ir muito além disso. No entanto, há consequências, outros países e empresas privadas, podem retirar seus investimentos do país.”

Recentemente a empresa Vale, ligada ao rompimento da barragem de Brumadinho, foi retirada de uma classificação na bolsa de valores que identificava empresas como sustentáveis, a mineradora perdeu diversos investidores.

Outro caso que também virou destaque na imprensa internacional, foi a crise ambiental na Amazônia, países como Alemanha e Noruega que repassam dinheiro para um fundo que combate o desmatamento na floresta, ameaçaram não enviar mais ajuda caso o governo não se comprometa e resolva o problema dos incêndios na região.

Basta esperar agora como o governo se posicionará para resolver os problemas internos e recuperar ao mesmo tempo a imagem Brasil perante o mundo, parece um pouco difícil imaginar tais esforços já que o próprio presidente muitas vezes declarou não estar preocupado com isso em prol da “soberania do país”.

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