POR FERNANDO BRITO ·



O que resta do Governo Jair Bolsonaro senão uma profusão de pacotes atropelando ou pretendendo emendar a Constituição, proposta que está fadada a encontrar uma encruzilhada entre o ser nada, porque rejeitadas, ou serem outra coisa qualquer, porque remoldada, como as massinhas de brincar que se dá às crianças, ao gosto da maioria amorfa do Centrão no Congresso?

A 45 dias de completar-se um ano de seu governo, Jair Bolsonaro tem como saldo? Um maldade, a reforma da Previdência, aprovada apenas porque o “mercado” assim fez coro uníssono, como faz com qualquer barbaridade sobre os direitos sociais e do trabalho.

A bem informada Helena Chagas escreve hoje, n’Os Divergentes que o Congresso fará “picadinho” dos projetos de Paulo Guedes, sem que alguma reação venha do presidente:

“Seja porque o pagamento das emendas está atrasado, seja porque os parlamentares acham que já deram muito na reforma da Previdência – promulgada semana passada sob a solene indiferença do presidente Jair Bolsonaro – o fato é que o Congresso cansou. Deputados e senadores perderam a cerimônia e estão impondo mais e mais derrotas ao Planalto nas votações. Alguns já apostam que não vai sobrar muito do pacotaço fiscal enviado pela equipe econômica ao Legislativo.”

Não existe mais, como se pensava, a possibilidade de que a “onda Bolsonaro” das eleições fosse se traduzir num governo que cooptaria toda a direita, se adonasse das Forças Armadas e numa avalanche de apoio midiático. Ou que o lavajatismo fosse manter e ampliar seu controle do Judiciário.

Ao contrário, a base bolsonarista está incorrigivelmente e só consegue unidade no ódio bestial à esquerda.

A economia, na qual cada curto “voo de galinha” serve de motivo para negar que a estagnação prossegue – e dela agravam-se os efeitos sociais – e a maré de investimentos externos ocorre, só que na vazante.

Em matéria de diplomacia, o que poderia ser “o queridinho” de Donald Trump, com o filho instalado na embaixada brasileira em Washington, frustrou-se e a sabujice brasileira resultou em sermos tratados como um país que tudo dá e nada pede.

Bolsonaro é um incapaz, um personagem de terceira categoria, que sobrevive apenas do ódio que nos foi inoculado e do escracho a que se levou a vida político institucional brasileira.

A base política de Jair Bolsonaro e seu apoio popular não têm outro caminho senão o da decadência.

Quem quiser ficar com ele terá de seguir este caminho.

Nosso desafio é colocarmo-nos, outra vez, como alternativa a este caminho ladeira abaixo.


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