POR FERNANDO BRITO




No G1, a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, diz que o Brasil poderá importar carne para equilibrar mercado, porque os preços estariam altos em razão, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafigo), por causa do crescimento das exportações, principalmente para a China.

Só que ontem a Folha publicou que as exportações de carnes perdem fôlego e recuam 13% em relação a outubro , registrando a retração tanto na de suínos, aves e bovina este mês. E, nesta, justamente a maior retração foi na exportação de carne in natura, a mais consumida no mercado interno.


Os “especialistas” deveriam tratar a sério o que é um produto essencial na cesta de consumo brasileira, cujo preço subiu perto de 6% este mês, em média.

O comportamento do preço da carne, claro, está impactado pelas exportações, mas não exatamente pela quantidade de carne disponível. O aumento do preço em reais reflete o aumento do valor do dólar, se há mercado aberto à exportação. Mas a oferta depende de decisões muito anteriores no tempo, porque o tempo de abate de um bovino, novilho ou boi, varia, na grande maioria dos casos, de 1 ano e meio a três anos.

E o setor está, por isso, vivendo limites ao seu crescimento causados por uma série de inseguranças desde a chamada Operação Carne Fraca, há dois anos e meio, seguida do caso JBS, da retração ao financiamento de exportação de carnes processadas.

No início de setembro, o efeito conjugado da liberação de importações pela China para 17 frigoríficos de carne bovina e a elevação da moeda norte-americana reduziu a oferta interna e elevou os preços. E poderia ser mais agudo este processo se os argentinos não estivessem vendendo muito à China (mais que o Brasil) e os EUA tivessem levantado suas barreiras sanitárias – algo totalmente sem razão de ser.

O Brasil, e já não é de hoje, trata com irresponsabilidade há pelo menos três anos um de seus pontos fortes de exportação, inclusive em não ter uma política de investimento estável no processamento de carnes e nas brigas que ameaçou arrumar com o mercado do Oriente Médio, algo que, felizmente, não foi adiante.

Ou se a soja, cujo valor e no açúcar, onde os preços internos guardam relação com a cotação do dólar se o preço destes produtos não tivesse tido queda significativa no mercado internacional, de 2016 para cá.

E aguardem para os próximos dias outro “pancadão” nos preços da gasolina.

É outro lado – bem sensível ao povo – da análise espetacular de que o o “efeito é zero” do dólar mais alto.


Tijolaço

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