A contaminação do Brasil pela crise do coronavírus, até o momento, é mais econômica que viral.

A um país que se alimentava de expectativas positivas e de afluxo de capital estrangeiro para retomar as suas atividades econômicas, serviu-se um coquetel de incertezas, carregado com o tempero acre de investimentos em fuga e correndo a se colocarem em quarentena na moeda e nos títulos do Tesouro dos EUA que, como se sabe, são imunes a quase tudo.

É bebida de provocar baixa imunidade a qualquer organismo, mais ainda a um que, há anos, sofre de fraqueza econômica crônica.

É sobre um Brasil assim que chega ao que é uma pandemia – temendo o encurralamento de populações e uma crise maior ainda, a Organização Mundial de Saúde foge da palavra aterrorizante – global.

Aqui, porém, seria mais prudente que o uso de máscaras, desinfetantes e até o isolamento se aplicasse antes de tudo ao Presidente da República, que esporula material contaminante sobre o país e, só depois de espalhar o vírus do ódio leva a mão à boca para dizer que não está promovendo o contágio.

Afinal, num momento de extrema fragilidade de um país que depende de exportações e entradas de capital, o senhor Jair Bolsonaro convoca seus apoiadores para uma guerra de morte às instituições.

A tal ponto que a mídia conservadora, pelos seus principais veículos – Folha, O Globo e Estadão – lançam editoriais exortando a que se detenham a “perigosa aventura”, o “surto de radicalização” e a “escalada bolsonarista” como, respectivamente, classificam a situação do país.

É provável que os mova, mais que as fracas convicções democráticas que os fizeram, antes das eleições, tolerar quem já sabiam fanático, medíocre e autoritário, a percepção de que o país vai afundar numa crise daquelas chamadas de “tempestade perfeita”: ilegitimidade do governo já quase ex-civil, recessão econômica e devastação dos ativos financeiros.

O coronavírus brasileiro chama-se, metaforicamente, Jair Bolsonaro.

Tijolaço

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