A culpa é sempre do povo

Ao invés de garantir condições para a população pobre, Governo de Santa Catarina coloca Conselhos Tutelares para fiscalizar as famílias.

Por: Redação, Causa Operária.

 Como funciona a EAD nas periferias? | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 Como funciona a EAD nas periferias? | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A direita é especializada em culpabilizar a população e não podia deixar de fazer isso durante a crise sanitária da COVID-19. Alguns governadores, daqueles que chegaram até a ser chamados de “científicos”, já vêm apontando na mídia que suas políticas de combate à pandemia falharam por falta de adesão da população.

Em primeiro lugar, é importante lembrar que a política dos direitistas “científicos” se baseava em uma única medida: a quarentena. No entanto, além de ser restrita a uma pequena parcela da população, em especial a setores da classe média, essa quarentena não foi acompanhada pela ampliação dos leitos de UTI nem pela testagem massiva da população, duas medidas básicas para um combate sério à pandemia.

Seguindo a mesma lógica de culpabilização do povo, o governo de Santa Catarina vai utilizar os Conselhos Tutelares para respaldar uma “caça às bruxas” nas famílias pobres. O secretário de Estado da Educação de SC, Natalino Uggioni, estima que 34 mil estudantes não estão realizando as atividades escolares remotamente, a famigerada EAD (Educação a distância).

Desde o começo da imposição da EAD, estamos denunciando que esta modalidade atende aos interesses do setor privado na educação, com a precarização geral do processo de ensino e aprendizagem. Além da perda de qualidade, que facilita a competição privada, a EAD traz no pacote a precarização das relações de trabalho e redução de custos, dois fatores que atendem diretamente aos interesses dos capitalistas do setor.

Por outro lado, faltam também condições materiais para que todas as famílias consigam participar da educação a distância. Os problemas estruturais são facilmente observados, como falta ou precariedade de acesso à internet (muitos têm acesso apenas à internet móvel, insuficiente para downloads e acesso às aulas), inexistência ou baixa qualidade de computadores e outros recursos eletrônicos (inclusive smartphones), além da falta de espaço físico adequado para o estudo (como um quarto próprio, isolado dos demais ambientes).

As famílias mais pobres estão também mais suscetíveis aos fatores psicológicos. A situação de isolamento social e perda de familiares e amigos tem agravado amplamente o adoecimento psicológico. Somado a isso, as famílias pobres têm que lidar ainda com o aumento desenfreado do desemprego desde o início da crise atual e com as péssimas condições sanitárias às quais está historicamente exposta.

Enquanto a direita propõe colocar os Conselhos Tutelares para atuar como aparato repressivo e de fiscalização das famílias pobres, a esquerda precisa defender a suspensão do calendário letivo de 2020 como defende a AJR do PCO.

Diário Causa Operária

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