Prefeito de Londres alerta para “armadilha” de grupos de ódio e teme confronto em protestos marcados para o fim de semana

Foto: Reprodução
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Por Ricardo Ribeiro
A extrema-direta britânica está mobilizando militantes para buscar um confronto com manifestantes antirracismo, que marcaram para este fim de semana novos protestos no Reino Unido, sob o pretexto de proteger estátuas.

Estátuas associadas ao racismo, à escravidão e ao colonialismo têm sido alvo de manifestantes em diferentes países, dentro da onda global de protestos desencadeada pelo assassinato de George Floyd por um policial branco nos EUA.

À semelhança do que aconteceu nos EUA em 2017, quando o debate sobre estátuas e bandeiras confederadas originou o Unite the Right (Unir a Direita), a extrema-direita britânica aproveitou o momento para se mobilizar, argumentando defender o património histórico.

Ao contrário do Brasil, a extrema-direita no Reino Unido, como seus congêneres em outros países da Europa, privilegiou a presença nas torcidas de futebol e a polémica das estátuas pode servir de aglutinador para um movimento que nos últimos meses perdeu o rumo, se envolveu em lutas internas e se fraturou.

Nas redes sociais, centenas de hooligans, os torcedores mais violentos, fazem convocações para a defesa das estátuas em todo o país e, principalmente, em Londres. A mobilização é organizada pelo Democratic Football Lads Alliance, uma rede de torcedores com narrativas contra muçulmanos, criada em 2017.

O grupo é incentivado por Tommy Robinson (cujo nome verdadeiro é Stephen Yaxley-Lennon), figura de destaque na extrema-direita britânica. “Se és homem ou dizes que és homem, se és um homem do futebol e te importas com o que acontece neste país, com a nossa história, cultura e identidade, espero que vás a Londres no próximo sábado”, disse Robinson, em vídeo publicado em seu canal nas redes.

A onda global contra as estátuas se intensificou a partir de dois atos no Reino Unido no último fim de semana. Uma estátua de Edward Colston, traficante de escravos do século XVII, foi derrubada e atirada à água em Bristol e, em Londres, o memorial a Winston Churchill foi grafitado com a frase “Churchill era racista”. Nesta sexta, a imagem de Churchill foi encaixotada por proteção.


Com atos contra estátuas nos EUA, na Bélgica e, nesta sexta, em Portugal, a nova onda de reações contra as homenagens ao passado colonial e escravocrata parece mais forte no Reino, onde há um mapa interativo online que já estabeleceu 80 alvos.

Armadilha da extrema-direita

Por segurança, os organizadores do Black Lives Matter já cancelaram ato marcado para o centro da cidade, mas o protesto convocado pelo movimento social Momentum, ligado ao Partido Trabalhista está mantido.

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, disse nesta sexta-feira (12) estar “extremamente preocupado” com a possibilidade de confronto e apelou a quem rejeita o racismo para que fique em casa e “não caia na armadilha da extrema-direita”.

“É claro que a maioria dos manifestantes têm sido pacíficos. Este momento deve ser um catalisador para a mudança sistémica, um último esforço para derrotar o racismo e as desigualdades que os negros ainda enfrentam neste país e em outros lados”, disse Khan, referindo-se aos ato anti-racismo.

“Grupos de extrema-direita que advogam o ódio e a divisão estão a planejar contra-manifestações, o que significa que o risco de desordem é elevado. Não tenham dúvidas de que estes contra-manifestantes estarão lá para provocar violência, e o seu único objectivo é distrair e sequestrar este importante assunto”. 


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