Se nos deixarmos envolver na rotina dos escândalos -não raro mais de um por dia – que se sucedem no país é possivel que deixemos de ver o essencial do que está ocorrendo.
E o fato é que somos um país em dissolução, em todos os campos da vida coletiva.
A epidemia é, sem dúvidas, o mais dramático e terrível, pelas vidas que nos rouba, mas não é o único.
A projeção do FMI de uma queda de 9,1% de queda do PIB brasileiro é ainda um cálculo modesto, quando se confirmar que não faltam muitos dias para que tudo tenha de retroceder, em matéria de reinício das atividades econômicas, pelo agravamento dos números que não param de crescer.
Diante disso, não temos, mais de três meses depois de iniciada esta catástrofe, qualquer diretriz séria para recuperar o já fraco desempenho pré-pandemia, os programas de financiamento às pequenas empresas não chegaram a elas. A sua capacidade de manter empregos já se esgotou e, mesmo com esta reabertura improvisada, quem voltou a funcionar está fazendo com uma força de trabalho reduzida e, frequentemente, em escala.
Mas há algo que é pior do que tudo isso – e é boa parte da causa de tudo isso.
É que perdemos o governo – e em todos os níveis – como um elemento capaz de aglutinar e dar direção à sociedade.
Justamente no momento em que – aqui e no mundo – os governos são as únicas ferramentas que podem oferecer algum rumo a uma economia que só não está quebrada nos setores voltados para a pura especulação financeira.
E não temos governo em quatro níveis: municipal, estadual, federal e nem no que se poderia chamar de inteiração internacional, pois viramos párias no mundo, até mesmo no mundo do dinheiro, bem pouco preocupado com ética.
A obra iniciada para destruir um governo de centro-esquerda cresceu tanto que está, também, destruindo um governo de extrema-direita. E, pior, destruindo o país que sonhava, não faz muito, em finalmente ocupar o espaço que tem direito como gigante. Adormecido, desperto, depois histérico e, agora, esfarelando-se.

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