Merval Pereira, que já era “ministro-honorário” do Supremo Tribunal Federal, pela certeza que sempre afirmou o que a corte faria, agora parece que ganhou um cargo de Ajudante de Ordens do “altíssimo comando” das Forças Armadas, ou seja, daquela camada de generais que adonou-se delas para fazer política, como pagens de Jair Bolsonaro.
Porque ele escreve, em O Globo. que “o núcleo duro da ala militar permanece firme no desejo de desmilitarizar sua presença [no Governo Bolsonaro] e que a prisão de Fabrício Queiroz teria sido a “gota d´água” para este desejo que seria acalentado há tempos.
O general Braga Netto, da Casa Civil, está na reserva já há algum tempo, tendo permanecido na ativa durante curto período como ministro, e o ministro da Defesa, General Fernando Azevedo pretende evitar situações dúbias como a que o levou a sobrevoar de helicóptero junto com o presidente Bolsonaro uma manifestação política, como se a estivesse apoiando, quando alega que estava ali para averiguar as condições de segurança da Praça dos Três Poderes.
A vontade é de não misturar mais, ou não dar motivos para que assim sejam percebidas, as ações de ministros de origem militar com a dos militares da ativa. Por isso, há uma tentativa de homogeneizar o comportamento, fazendo com que sigam o exemplo o ministro interino da Saúde, General de Brigada Eduardo Pazzuello e o chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) Almirante de Esquadra Flávio Rocha, que foi promovido este ano, quando já trabalhava no Palácio do Planalto.
Com todo o respeito pela “patente” de Merval Pereira, estes próprios exemplos de atos e apetites mostram que não havia tal intenção, ao contrário. O desejo de ocupar cada vez mais o governo não só existia como, ao menos até pouco tempo estava “na ativa”. A própria indicação malsinada de Carlos Decotelli para a Educação foi exemplo disso.
É óbvio que houve o desejo de estabelecer, usando Bolsonaro como “Cavalo de Tróia”, uma tutela militar sobre o governo e certamente não foi por “renúncia” que ela se moderou.
O mais provável é que a percepção pelos militares da ativa de que estavam sendo usados como instrumentos de pressão e, sobretudo, produzindo um desgaste – inédito em três décadas – na imagem institucional do Exército.
Merval tem razão, porém, no fato de que a exibição do “milicianismo” criada pela prisão de Queiroz foi decisivo para o abandono dos planos de poder dos generais do Planalto.
Embora quieto, é como se Augusto Heleno estivesse dando o toque de retirar para esta aventura insana.


Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;