Assessores do Planalto e da Saúde informam que o presidente não só sabia, como também autorizou Pazuello a fechar o acordo, mas recuou após a grita de apoiadores nas redes sociais de que ele estaria beneficiando politicamente João Doria

Por Ivan Longo


Bolsonaro (Foto: Reprodução/Twitter)

A desautorização de Jair Bolsonaro à compra da vacina chinesa produzida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, do governo do estado de São Paulo, foi motivada não por uma preocupação com relação à segurança do imunizante, que obviamente terá que ser aprovado pela Anvisa antes de ser distribuído, mas por pura e simples pressão de apoiadores nas redes sociais.

Assessores do Palácio do Planalto e do Ministério da Saúde revelaram a jornalistas da Folha de São Paulo e também da Globo que o presidente já sabia do acordo entre a pasta e o governador de São Paulo, João Doria, para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, desde o último final de semana. Ele teria, inclusive, autorizado o ministro Eduardo Pazuello a fechar o acordo, exatamente nos termos em que ele foi consumado.

Após João Doria, na noite desta terça-feira (21), no entanto, ter feito o anúncio sobre a aquisição da vacina por parte do governo federal, apoiadores de Bolsonaro começaram uma forte campanha nas redes sociais contra o imunizante, acusando o tucano de querer lucrar politicamente com a vacina e Pazuello de estar beneficiando o governador, que atualmente é visto como adversário do presidente na eleição de 2022.

Interlocutores do Planalto informaram que, ainda na noite de terça-feira, Bolsonaro telefonou para Pazuello para informar que iria recuar do acordo que ele mesmo não havia se oposto a princípio. Essas mesmas fontes ligadas à presidência disseram, ainda, que o ministro da Saúde sempre alinha o discurso com Bolsonaro e não toma nenhuma decisão sem o aval do presidente e, por isso, a desautorização do capitão da reserva se deu pelo efeito negativo que o acordo gerou entre seus apoiadores, e não por ter sido pego de “surpresa” por Pazuello.

Governadores reagem

Governadores reagiram nesta quarta-feira (21) à declaração do presidente Jair Bolsonaro descartando a compra de 46 milhões de doses da Coronavac.

“Não queremos uma nova guerra na federação. Mas com certeza os governadores irão ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário para garantir o acesso da população a todas as vacinas que forem eficazes e seguras. Saúde é um bem maior do que disputas ideológicas ou eleitorais”, declarou Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, no Twitter.

Ele ainda ironizou o papel geopolítico que Bolsonaro tem cumprido. “Será que ele não quer jogar War ou videogame com [Donald] Trump? Enquanto jogasse, ele não atrapalharia os que querem tratar com seriedade os problemas da população”, criticou.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), também reagiu, elogiando Pazuello. “Estamos em guerra contra a covid, que já matou mais de 150 mil no Brasil. O presidente não pode desmoralizá-lo e desautorizá-lo nesta luta. Minha solidariedade ao ministro”, declarou.

Também se manifestaram contra o presidente os governadores de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), do Piauí, Welington Dias (PT), do Ceará, Camilo Santana (PT), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).


Revista Fórum

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads