Ontem mesmo um senhor me disse que trabalhou o dia inteiro sem comer e que estava nos esperando para pegar uma marmita que seria a única refeição dele", disse o padre José Mario Ribeiro
PorJulinho BittencourtCada vez mais gente se aglomera nas ruas de São Paulo em busca de comida. A afirmação é tanto de quem distribui quanto de quem recebe as doações. Reportagem da BBC News Brasil ouviu essas pessoas para saber qual o impacto da pandemia do novo coronavírus no acesso da população mais pobre à comida na cidade mais rica do hemisfério sul. O resultado e devastador.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em levantamento que se refere aos anos de 2017 e 2018, demonstrou que mais de 10 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar grave.
A pesquisa, aponta ainda que o total de brasileiros que passam fome cresceu, segundo o órgão, em 3 milhões de pessoas em cinco anos.
A situação nas ruas de São Paulo aponta que, com a pandemia, a situação piorou ainda mais.
O padre José Mario Ribeiro, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Tatuapé, na Zona Leste da capital afirma que “não é mais só o pessoal de rua. A gente está percebendo que muitas pessoas passam para buscar por estarem desempregadas e estarem com fome. Ontem mesmo um senhor me disse que trabalhou o dia inteiro sem comer e que estava nos esperando para pegar uma marmita que seria a única refeição dele”, disse o padre.
O padre disse ainda que todas as segundas ele e mais 12 voluntários saem para entregar 1400 marmitex na praça da Sé, no centro. Segundo ele, hoje o número de refeições é sete vezes maior que no início do ano.
Ele disse ainda que pessoas pedem uma marmita extra para levar para a família em casa.
“Antes da pandemia, a gente doava cerca de 400 a 500 marmitas. Se a gente fizer 2 mil hoje, acaba tudo”, afirmou.
A situação é a mesma relatada pelo frei João Paulo Gabriel, da Tenda Franciscana. De acordo com ele, no início da pandemia, em março, começou uma explosão de pessoas em busca de comida no centro de São Paulo.
“A gente tinha um público 100% de população de rua, mas ele foi mudando. Hoje há muitas pessoas que vivem em ocupações, gente que tem casa e não tem condição de comprar uma refeição. São pessoas que faziam bico e não tem mais, que não tem mais carteira assinada. Tem pessoas desesperadas imaginando como vão sobreviver quando terminar o auxílio emergencial”, afirmou o Frei João.

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