Leonardo Gandelman, criador do aplicativo de ajuda emergencial que vem sendo usado para combater a violência contra a mulher em vários países
Leonardo Gandelman, criador do aplicativo de ajuda emergencial que vem sendo usado para combater a violência contra a mulher em vários países. © Arquivo Pessoal

Por:
Ana Carolina Peliz

Desenvolvido por um brasileiro, um aplicativo gratuito que facilita a assistência a pessoas vulneráveis está sendo usado em vários países do mundo para combater a violência contra a mulher. A tecnologia, que pode ser utilizada por qualquer pessoa em perigo, tem funcionalidades que facilitam os pedidos de socorro de vítimas de maus-tratos domésticos.

O aplicativo Linha Direta foi criado em 2017 para facilitar a comunicação entre a polícia do Rio de Janeiro e a população, como conta seu criador, o brasileiro Leonardo Gandelman. Dois anos mais tarde, em 2019, a ferramenta acabou se popularizando entre o público feminino.

“A gente era o canal oficial da polícia militar para a patrulha Maria da Penha (destinada a atender casos de violência contra a mulher) no Rio de Janeiro. Então a gente ouviu muito e focamos muito na violência contra a mulher”, explica.

Segundo ele, as usuárias temiam um aumento das agressões dos parceiros caso estes encontrassem mensagens com pedidos de ajuda em seus celulares.

“O nosso aplicativo é o único no mundo que fecha automaticamente após o envio do pedido de ajuda”, explica seu criador. O programa também consegue localizar o emissor da mensagem, até mesmo em altitude, e avisa o destinatário da chegada do alerta com uma sirene. “A gente foi ouvindo as mulheres e botando isso dentro do app”, conta Gandelman.

Whatsapp da ajuda emergencial

O funcionamento do Linha Direta, em princípio, não é diferente de outros aplicativos de envio de mensagens. O usuário pode disparar alertas a grupos de amigos ou separadamente. Mas o programa envia também a localização da pessoa que está em situação de perigo e o itinerário para chegar até o local.

“A gente fala que é um Whatsapp de ajuda emergencial”, diz Gandelman. “Nossa diferença é que a gente não tem limite. Você pode mandar (o alerta) para 10 pessoas ou para 1.000.”

Em algumas localidades, também é possível enviar mensagens para embaixadas ou à polícia, como no caso do Rio de Janeiro. Mas muitas mulheres acabam preferindo pedir ajuda para o círculo próximo, para evitar a judicialização dos casos.


Ajuda fora do Brasil

O aplicativo já é utilizado nos Estados Unidos, em Portugal, na França, Inglaterra, no Equador e Japão e seu inventor trabalha em parceria com diversas organizações internacionais, entre elas a Mulheres do Brasil e seus vários núcleos, inclusive o de Paris. Gandelman também assinou uma parceria com o Conselho Regional de Brasileiros no Exterior (CRBE).

As mulheres imigrantes se encontram frequentemente em situação de isolamento, longe das famílias, muitas vezes sem falar o idioma do país e podem ter mais dificuldades em pedir ajuda. Em setembro deste ano, o assassinato da paranaense Franciele Alves da Silva a facadas pelo marido, o brasileiro Rodrigo Martin, na periferia de Paris, causou comoção entre a comunidade brasileira residente na França.

Apesar de indentificar a localização dos emissores dos alertas, o inventor da tecnologia ressalta que o aplicativo não tem acesso a dados dos usuários. “A comunicação vai direto para uma pessoa, e a gente não fica sabendo o que ela falou”, diz.

O aplicativo Linha Direta tem versões em português, inglês e espanhol. É gratuito e está disponível na Apple Store e no Google play.



RFI

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