Cemitério para vítimas da COVID-19 em São Paulo.
© AP Photo / Andre Penner

O alto índice de mortes causadas pela COVID-19 e o surgimento da variante em Manaus, no Amazonas, causaram danos graves à imagem do Brasil que afetam tanto o turismo de brasileiros em outros países quanto a exportação de produtos vendidos ao exterior, avalia especialista ouvido pela Sputnik Brasil.


Desde o dia 9 de março, data em que ultrapassou os Estados Unidos, o Brasil é o epicentro da pandemia do novo coronavírus. Nas últimas semanas, morreram mais brasileiros por dia do que a soma dos dez países seguintes mais afetados. Mais de um terço das mortes no planeta por COVID-19 ocorrem no Brasil. Desde o início da pandemia, 336.947 brasileiros já morreram de COVID-19.

Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP), lembra que o brasileiro é atualmente o segundo turista que mais enfrenta restrições de entrada em outros países.
"Há uma resistência dos demais países em relação a uma certa atitude não obediente aos valores da ciência por parte das autoridades brasileiras. É indiscutível também que a OMS [Organização Mundial de Saúde] tem manifestado seguidas preocupações com o formato do tratamento e da obediência às regras internacionais de controle da COVID-19. Se nós olharmos para esses indicadores é difícil não admitirmos que a posição do Brasil hoje é muito difícil no contexto internacional", afirmou.

Atualmente, já são mais de 115 países que restringem a entrada de brasileiros em seus territórios por conta do alto índice de casos e de mortes por COVID-19 no Brasil.
"Essa imagem de um país cuidadoso com a saúde, de um país com uma cobertura epidêmica muito pronta, com um sistema de saúde unitário que era um exemplo para o mundo se perdeu com os descuidos ocorridos com essa pandemia", alertou o especialista.


O colapso no sistema de saúde do Brasil em decorrência da pandemia fez com que o país passasse a ser visto como uma ameaça à saúde global.



​A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou nesta quarta-feira (6) o Boletim Extraordinário do Observatório COVID-19 que alerta que "a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo do mês de abril, prolongando a crise sanitária e colapso nos serviços e sistemas de saúde nos estados e capitais brasileiras".

A análise da Fiocruz mostra também que as variantes do SARS-CoV-2 continuam em circulação intensa em todo o país. Além disso, a sobrecarga dos hospitais, observada pela ocupação de leitos de UTI, também se mantêm alta. 
© REUTERS / AMANDA PEROBELLI
Paciente com COVID-19 recebe cuidados em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) no Hospital São Paulo, na capital paulista, em 17 de março de 2021


​Segundo Trevisan, a visão negativa a respeito do Brasil em razão da pandemia traz diversas consequências negativas para os brasileiros.
"[A imagem ruim do Brasil no cenário internacional] tem um impacto simples de ser entendido. O turismo internacional olha para isso na escolha da sua visita", explicou.


Para além do turismo, Leonardo Trevisan também destaca que o fato do Brasil ser atualmente o epicentro da pandemia da COVID-19 no mundo causa impactos para o comércio exterior brasileiro.
"Os produtos brasileiros não podem ficar acoplados a uma imagem de descuido, a uma imagem de recusa de seguir ordens internacionais. Quando eu compro um produto eu compro a confiança nesse produto, é isto que está sendo abalado. Nós não temos a menor ideia de quanto tempo vamos levar para recuperar essa posição que antes era uma posição bastante segura e forte", analisou.

 Sputnik News

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads