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Quando se fala em necropolítica*, muita gente reclama e acha que o extermínio de parte da população brasileira não é um projeto do governo Bolsonaro, mas um, digamos, efeito colateral indesejável da ignorância e do negacionismo do presidente eleito com ajuda de fake news e do juiz Moro, que tirou Lula da disputa.
Mas, se juntarmos a condução calamitosa da pandemia por Bolsonaro com seguidas declarações de Guedes de que o brasileiro está vivendo muito e isso está quebrando a Previdência, a necrofilia passa a fazer sentido.
Um pesquisador do IBGE, que obviamente quis manter seu nome em sigilo, fez para a repórter Denise Assis do site Jornalistas pela Democracia uma conta especulativa, que mostra o resultado da soma da preocupação de Guedes com as ações de Bolsonaro na pandemia:
De março de 2020 a março de 2021, ocorreram cerca de 830 mil óbitos no país, representando “benefícios que foram fechados por óbito”.
Segundo ele, “desses 830 mil, se a gente assumir que 20% foram por Covid-19, que é a estimativa do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) –não necessariamente por Covid, mas foram em função da pandemia –, nesse período a gente teria 166 mil óbitos decorrentes da Covid. Ou seja, 166 mil benefícios cessados nesse período em função da pandemia”, explica. “Num valor médio de R$ 1,400,00 por benefício pago, a gente teria uma economia mensal de R$ 230 milhões. Então, se a gente multiplicar essa economia mensal de R$ 230 milhões por 13, levando em conta o 13º salário, teríamos R$ 3 bilhões de economia”. [Fonte]
Faz todo o sentido. Necropolítica. Genocídio.
*Necropolítica é um conceito desenvolvido pelo filósofo negro, historiador, teórico político e professor universitário camaronense Achille Mbembe que, em 2003, escreveu um ensaio questionando os limites da soberania quando o Estado escolhe quem deve viver e quem deve morrer.
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