BOLSONARO EM COLETIVA APÓS SER ELEITO EM 2018. FOTO: JOSÉ CRUZ /AGÊNCIA BRASIL |
O presidente negacionista é um assediador moral de trabalhadores ocupando o cargo máximo do país; cadê o MPT?
Imaginem um superior hierárquico dizer a um trabalhador, em pleno ambiente de trabalho: “Você tem uma cara de homossexual terrível”. Ou: “Pare de fazer pergunta idiota! Nasça de novo!” E ainda: “Cala a boca! Vocês são uma porcaria!” Imaginem um superior hierárquico divulgando a foto de uma trabalhadora e incitando ataques contra ela nas redes sociais. Ou fazendo insinuações de cunho sexual contra outra. O que aconteceria com ele?
Há um ponto para o qual ninguém atentou ainda nas sucessivas tentativas de intimidação de Jair Bolsonaro a jornalistas, sobretudo mulheres. Além do óbvio ataque à liberdade de imprensa vetado pela Constituição, o presidente negacionista comete assédio moral, ao humilhar e constranger trabalhadores em pleno exercício da profissão.
O assédio moral acontece quando um superior hierárquico utiliza sua função de forma intimidatória, expondo um trabalhador ou trabalhadora a situações vexatórias e depreciativas, de forma repetitiva. O assediador moral se comporta desta maneira durante a jornada de trabalho, quando a vítima está no exercício de suas funções.
No ano 2000, a psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen ampliou o conceito de assédio moral no local de trabalho para além da relação chefe-subordinado. “Por assédio moral em um local de trabalho temos que entender toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade, ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho”, publicou, no livro Assédio Moral: a violência perversa do cotidiano.
Como presidente, Bolsonaro é o líder máximo da nação. A rigor, qualquer brasileiro está em posição hierarquicamente abaixo dele. Quando ataca repórteres que estão cumprindo suas funções no ambiente de trabalho, logicamente está assediando moralmente estes trabalhadores
Ora, como presidente da República, Bolsonaro é o líder máximo da nação. A rigor, qualquer brasileiro está em posição hierarquicamente abaixo dele, inclusive jornalistas. Quando o presidente ataca repórteres que lhe fazem perguntas, ou seja, que estão no ambiente de trabalho cumprindo suas funções, logicamente está assediando moralmente estes trabalhadores.
Cabe ao MPT (Ministério Público do Trabalho) acioná-lo por cometer assédio moral no exercício do cargo. Os jornalistas atingidos também podem entrar na Justiça do Trabalho com um processo contra ele por terem sido assediados moralmente. Assediadores não podem ficar impunes –ainda mais quando o assédio assume níveis estratosféricos, praticado pelo ocupante do cargo mais alto do país.
Postar um comentário
-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;