Dedé Santana e Bolsonaro (Fotos: Marcos Corrêa/PR)

Governo Bolsonaro, que está em guerra contra o setor cultural e a Rouanet em particular, abre exceção para amigos


Julinho Bittencourt

O bolsonarista Dedé Santana foi autorizado a captar 1,2 milhões de reais em patrocínios pela Lei Rouanet. O projeto do ex-trapalhão é um circo itinerante que mistura cinema, teatro e performance de palhaços pelo interior de São Paulo.

A captação foi homologada nesta terça-feira (6), pelo ex-policial militar André Porciúncula Esteves, que atualmente comanda a Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura.

Dedé recebeu autorização para captar 246.732,48 reais a mais do que o pedido originalmente pelo projeto.

Em guerra aberta contra o setor da Cultura e, sobretudo a Lei Rouanet, a área de fomento do governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido) não contrata pareceristas desde o ano passado. Os projetos apresentados têm sido homologados aos poucos Esteves, que não é da área e reconhecidamente não tem conhecimento sobre o setor.

Até então, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) era um colegiado formado por 21 membros da sociedade civil, sendo sete titulares e 14 suplentes.

No fim de junho, Esteves recebeu uma lista com a sugestão da área técnica para a homologação de 139 projetos inscritos na lei.

A servidora número dois da secretaria avisou nesta semana aos produtores culturais que foi montado um “grupo emergencial” que funcionará por dois meses para “desatolar” os pedidos na lei de incentivo.

A produção de Dedé, o Cine Circo Teatro Itinerante Dedé Santana, esteve nesta primeira leva de aprovações. Segundo a proposta registrada pelo humorista no sistema federal, o projeto teria quatro dias de espetáculos e um público final de 44.000 pessoas, das quais metade formada por gratuidades.

Em evento no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro prometeu ajudar artistas sertanejos que querem o fim da meia-entrada em shows. Entre eles estava Dedé Santana. Dias depois, Dedé afirmou que não sabia da razão do encontro. “É um absurdo dizer que eu estava lá pra defender isso. Eu nem estava sabendo”, disse.

Dedé afirma ter sido convidado para o encontro há cerca de um mês e achava que a reunião seria com artistas de diversas áreas, não só sertanejos. “Fui lá para falar sobre o circo. E o Bolsonaro disse que quer me escutar.”

Logo após este encontro, Dedé deu entrada com seu projeto para avaliação na lei de incentivo à cultura federal. Em abril, o humorista afirmou dizer que a então secretária especial de Cultura, Regina Duarte, havia trazido “grande esperança aos circenses” por causa de uma homenagem que ela fez por ocasião do dia do circo.

Com informações da Veja 

revistaforum.com.br


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