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Victor Candido escreveu relatório encaminhado a clientes e operadores do mercado, no qual diz: “É possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo, pode voltar a sê-lo”


Lucas Vasques Jornalista e redator da Revista Fórum.

Beneficiado pelas medidas econômicas neoliberais do governo de Jair Bolsonaro, o banco Santander mostra que compartilha dos objetivos golpistas do atual presidente da República para evitar a volta de Lula (PT) em 2022.

Victor Candido, um dos economistas da instituição financeira, escreveu um relatório, no qual defende um golpe de Estado para evitar o retorno do petista, de acordo com reportagem Andy Robinson, no site Ctxt.

Candido escreve: “Dito isso, é preciso reconhecer um problema na eleição de 2022: a perspectiva de retorno ao poder da máquina de corrupção do governo Lula”.

Em outro trecho, diz “Se o sistema político e judicial, se o establishment político brasileiro acha cômico o governo Bolsonaro, o retorno de Lula e seus aliados representa uma ameaça bem mais séria. Hoje, Lira é o presidente da Câmara, mas sob um governo do PT, seria um modesto aliado abrigado em um cargo menor”.

O economista vai mais além: “Em suma, ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo, pode voltar a sê-lo”.


O relatório foi enviado a muitos clientes e operadores financeiros do Santander. O fato provocou indignação dentro do PT, no momento em que Lula, depois de ser absolvido das denúncias injustas de corrupção que o impediram de disputar as últimas eleições, amplia a vantagem nas pesquisas.

“Não há dúvida de que o e-mail faz parte de uma análise que o Santander envia para muitas pessoas nos mercados”, afirmou um economista do partido. Existe a possibilidade de o PT processar o Santander pela defesa de um golpe.

Lucro dobrado

O lucro do Santander no Brasil dobrou para R$ 4,1 bilhões no segundo trimestre de 2021, apesar da grave crise social, de saúde e econômica.

Os excelentes resultados do banco espanhol no Brasil se devem muito às atividades especulativas no mercado de dívida do Tesouro e, também, ao financiamento de grandes empresas agroindustriais dos setores de soja e carne.

Nos dois anos de Bolsonaro na presidência houve recordes de desmatamento e a destruição anual de mais de 11 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica, além de milhares de incêndios.

Em contrapartida, durante os anos de Lula na presidência, mais de 30 milhões de brasileiros foram retirados da pobreza e o desmatamento anual caiu 80%.

Veja a íntegra da nota do economista do Santander:

“Brasília, 11 de agosto de 2021 – nº 10464 

Sobre vários tipos de golpe 

Um escritor alemão advertiu que a História, quando se repete, é como farsa e, ontem, o experimento do presidente Bolsonaro para repetir 1964 terminou como farsa, com seus blindados da Guerra do Vietnã e seus generais funcionários. Não há apoio social, nem apoio do establishment, nem radicalismo de esquerda para justificar uma aventura, que terminaria de forma melancólica com algumas prisões. Por fim, não há interesse do sistema político em um regime bolsonarista. 

Dito isso, é preciso reconhecer um problema na eleição de 2022: a perspectiva de retorno ao poder da máquina de corrupção do governo Lula. Basta comparar os esquemas de corrupção do Mensalão e do Petrolão com as aventuras cômicas de reverendos e militares da reserva tentando uma comissão na compra de vacinas pelo governo Bolsonaro. Os recursos desviados pelas máquinas políticas dos governos passados ainda não apareceram. Ou seja, se o sistema político e judicial, se o establishment político brasileiro acha cômico o governo Bolsonaro, o retorno de Lula e seus aliados representa uma ameaça bem mais séria. Hoje, Lira é o presidente da Câmara, mas sob um governo do PT, seria um modesto aliado abrigado em um cargo menor. 

Em suma, ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo, pode voltar a sê-lo”. 

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