(Foto: Steve Marcus/Reuters)

Mais complicado ainda é o formato organizativo, sindical, associativo desse novo proletariado. Qual tipo de sindicato, qual a sua composição, qual a sua pauta?


Michel Zaidan
Brasil 247
3-4 minutos
Há nos meios acadêmicos muita controvérsia e especulação sobre a morfologia e formas de organização sobre o novo proletariado da época digital, como aliás sobre todos os fenômenos antigos que se apresentam com novas roupagens.

Comecemos pela tese do autoemprego, do microempresário ou do empreendedor ou prestador de serviços. Ser patrão de si próprio. Dificilmente esta tese substituirá a da ética puritana do trabalho, da época do fordismo/taylorismo como visão de mundo do Novo capitalismo digital dos nossos dias, como querem alguns . 0 cristianismo reformado e a ética puritana do trabalho foram uma revolução cultural no mundo ocidental que levou ao capitalismo. Dificilmente, essa lenga-lenga do autoemprego ou do seja patrão de si mesmo, com a assistência do Sebrae, pode se comparar aquela revolução Cultural. É uma ideologia neoliberal que racionaliza o fim dos empregos e defende a sua precarização.


Segundo ponto: a esperança que a revolução tecnológica 4.0 libertasse progressivamente os homens da corveia do trabalho assalariado e aumentasse seu tempo livre, como previa Marx, infelizmente não aconteceu. A incorporação do progresso técnico ao processo produtivo aumentou a produtividade do trabalho e o grau de exploração dos trabalhadores, aumentando a descartabilidade da mão de obra e rebaixando os salários.

Terceiro ponto: na era digital, 0 trabalho morto, o capital constante produz mais valia, mais ainda do que o trabalho vivo, o capital variável. E o trabalhador não se apropria de nada, não participa dos ganhos da produtividade produtiva (técnico-científica)

Quarto. Essa é a era do trabalhador muito competente , que dirige, supervisiona, coordena, gerência. Não os do chão da fábrica. Esses são os terceirizados, quarteirizados , precários, sazonais , itinerantes, a domicilio. Por conta e risco próprio. Sem direitos ou garantias trabalhistas ou formalização de vínculos ou estabilidade.

Chamados de prestadores, colaboradoras, parceiros ou trabalhadores amadores, de bico ou viração.

Mais complicado ainda é o formato organizativo, sindical, associativo desse novo proletariado. Qual tipo de sindicato, qual a sua composição, qual a sua pauta? Diante da heterogeneidade de base dessa multidão? São patrões ou empregados ou autônomos? Teriam algo em comum, além da precarização, da informalidade e da terceirização?

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