Livro que narra história de um sobrevivente do Holocausto entrou para a lista dos mais vendidos na Amazon depois de ter sido vetado do currículo escolar no Condado de McMinn, Tennessee
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Proibição de livros nos EUA
A proibição, o veto, a perseguição ou o banimento de livros em alguns estados norte-americanos não é algo tão incomum. Apenas nos primeiros quatro meses do atual ano letivo, que começa entre agosto e setembro, pais e funcionários em quase 100 distritos escolares em Houston, Dallas, San Antonio e Austin enviaram ao menos 75 solicitações formais para banir livros das bibliotecas.
O New York Times escreveu que a contestação contra livros tem crescido “em um ritmo nunca visto em décadas''.
“É um fenômeno bastante surpreendente aqui nos EUA ver as proibições de livros de volta em grande estilo, ver os esforços para apresentar acusações criminais contra bibliotecários escolares”, disse Suzanne Nossel, executiva-chefe da organização de defesa da “liberdade de expressão” PEN America ao jornal norte-americano.
No Texas, a defesa da proibição atinge geralmente livros para jovens adultos que documentam experiências de pessoas negras e LGBTQIA+. Além disso, a história dos Estados Unidos também é marcada por casos de proibição de livros. Nos anos 1600, por exemplo, a queima de livros aparecia como forma típica de censura.
Em outubro de 1650, o panfleto de William Pynchon, “The Meritorious Price of Our Redemption”, foi criticado e queimado pelo governo da época, em Boston, Massachusetts. O episódio ficou considerado como sendo a "primeira queima de livros na América".
Em 3 de março de 1873, a Lei Comstock, referida como uma Lei para a "Supressão do Comércio e Circulação de Literatura Obscena e Artigos de Uso Imoral", foi aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos, criminalizando o uso do Serviço Postal dos EUA para enviar artigos eróticos, contraceptivos, abortivos, brinquedos sexuais e cartas pessoais alusivas a qualquer conteúdo ou informação sexual.
No Tennessee, que ilustra o episódio da censura a “Maus”, e em outras regiões norte-americanas, “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, também enfrentou dificuldades para circular. Mais do que isso: no estado, especificamente, foi banido entre a década de 1920, quando currículos escolares no país passavam a adotar a teoria da evolução darwiniana, até 1967.
Outros célebres da literatura, como “O Apanhador no Campo de Centeio” e “Admirável Mundo Novo” também chegaram a ser censurados e banidos de escolas nos EUA. O primeiro, sobretudo entre as décadas de 1960 e 1980. O segundo, ironicamente, é um romance que trata de uma sociedade distópica em que o pensamento crítico não é permitido.
Nem mesmo a série infantojuvenil Harry Potter passou pelo crivo de conservadores. Entre 2001 e 2002, foi o livro mais contestado nos Estados Unidos, por supostamente trazer valores "anti-família, ocultismo/satanismo, ponto de vista religioso, violência".
O Escritório para a Liberdade Intelectual da American Library Association, que coleta dados de censura contra livros desde 1990, mantém um índice com os livros mais frequentemente contestados, divididos por décadas e anos. A associação explica que compila os livros em listas para “informar o público sobre os esforços de censura que afetam bibliotecas e escolas''.
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