| Crédito da foto: Fernando Frazão/Agência Brasil |
Há uma piora na qualidade estrutural da economia. Um exemplo é a indústria de transformação, o setor mais dinâmico, que está longe de recuperar sua força, com um PIB, segundo o IBGE, 13,74% menor do que há 10 anos
Valter Palmieri Jr.
3-4 minutos
Nosso PIB per capita hoje é 0,51% menor que o de 2018 – ano em que Bolsonaro assumiu o governo – e 6,8% menor em relação a 2011, como pode ser visto no gráfico. Nos últimos 100 anos nunca vimos no país tantos anos seguidos (7 anos) de tamanha dificuldade em recuperar o poder de compra dos brasileiros.

Além de o brasileiro, na média, estar em uma situação pior, é nítido
que para as famílias mais pobres a situação é ainda mais grave. O
elevado desemprego combinado com a alta inflação, principalmente dos
alimentos básicos, prejudica mais ainda o poder aquisitivo de quem já
vivia em maior vulnerabilidade social, elevando o número de pessoas em
situação de insegurança alimentar e sem moradia.
Esse governo tem demonstrado total incapacidade de liderar as
políticas que poderiam reverter nossa situação econômica. É grave e
preocupante isso não ser consenso nesse momento. Mostra como a política
econômica corrente atrapalha a maior parte da população, mas não a
elite.
Além de a política atual não colaborar com a recuperação conjuntural
do nosso crescimento econômico, temos uma piora na qualidade estrutural
de nossa economia. Como exemplo, a indústria de transformação, setor
mais dinâmico da nossa economia, encontra-se longe de recuperar sua
força. O “PIB” da indústria de transformação é hoje, segundo o IBGE,
13,74% menor do que 10 anos atrás.
Por outro lado, a agropecuária, setor que dinamiza menos a nossa
economia interna, avançou 27,1% no mesmo período, porém, gera
relativamente empregos mais instáveis, informais e de menor rendimento.
Importante ressaltar que os ventos favoráveis da agropecuária também
têm contribuído para uma diminuição de nossa soberania alimentar, uma
vez que uma das razões de os alimentos aumentarem em ritmo superior à
inflação geral nos últimos anos consiste no grande incentivo que é dado
para os grandes exportadores de commodities alimentícias em detrimento
de outros setores. (ler mais sobre isso em: https://actbr.org.br/post/relatorio-por-que-a-comida-saudavel-esta-cada-vez-mais-longe-da-mesa-dos-brasileiros/19121/).
A pandemia, que ainda não terminou, e o contexto de incertezas
decorrentes da guerra na Ucrânia, geram uma necessidade ainda mais
urgente de colocarmos um fim no governo Bolsonaro e recuperarmos nossa
capacidade de gerar e distribuir riquezas. Não podemos deixar que a
narrativa da trágica política econômica dos últimos anos seja traçada
pela parcela da elite que não se interessa com o desenvolvimento
econômico e social de nosso país.

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