O ex-juiz tenta reescrever sua própria trajetória, apagando as ilegalidades da patota. 

Miriam Leitão, Moro e o filho dela, Vladimir Netto, no lançamento do livro sobre a Lava Jato
Miriam Leitão, Moro e o filho dela, Vladimir Netto, no lançamento do livro sobre a Lava Jato. Foto: Reprodução
“As mentiras contra a Lava Jato e a demonização do combate à corrupção abriram as porteiras do inferno para o roubo generalizado e a falta de ética. Hoje, o Brasil é terra sem lei e a defesa da democracia, um grito de hipocrisia. Em 2026, lutemos todos para termos o nosso país de volta”, escreveu o senador Sergio Moro no X nesta véspera de Natal.

É um presentão para ele. Moro está ecoando o editorial da Folha porque vê um momento bom para voltar da tumba após as revelações das fraudes que comandou à testa da operação mais corrupta da história do judiciário brasileiro.

Malu Gaspar soprou o apito do cachorro com a matéria, baseada em seis fontes anônimas, denunciando uma suposta pressão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, sobre Galípolo, do Banco Central, a respeito do Banco Master. A mulher de Moraes é advogada da empresa de Daniel Vorcaro.

A mídia rapidamente se uniu contra Moraes, como nos velhos tempos da República de Curitiba. Moro está tentando montar esse cavalo selado. Vai ser difícil, porque o sujeito é queimado. Mas nada é impossível para a imprensa brasileira em sua sede de vingança contra o Supremo por ter tirado Lula — favorito para um quarto mandato — da cadeia.

O libelo da Folha adotou um discurso amplo contra a corrupção, listando episódios distintos — do Banco Master ao INSS, das emendas parlamentares ao crime organizado no Rio — para sustentar a tese de que o combate aos abusos da Lava Jato teria produzido um ambiente de impunidade generalizada.

O ex-juiz tenta reescrever sua própria trajetória, apagando as ilegalidades da patota. A demonização das críticas à Lava Jato serve, nesse contexto, como estratégia para deslocar o foco das responsabilidades de seus protagonistas.

O editorial da Folha também envia um recado explícito ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ao afirmar que não deve haver “complacência” com “cupinchas” que ocupam cargos na Polícia Federal ou no Supremo. Puro suco de lavajatismo, com o STF no centro de um power point.

É a retomada de um método que já demonstrou seus efeitos: corrosão institucional, instabilidade política e uso do discurso moral como instrumento de poder. Se faltava ele, agora não falta mais.

Publicado originalmente por: DCM

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