do Dr. Rosinha
Há muitos homens e poucas mulheres, em alguns países, nos corredores da morte, à espera do dia da sua condenação e da execução. Alguns são inocentes. Outros, criminosos.
Não entro no mérito se há ou não culpa, mas imagino o drama da espera. Entre os que estão nessa espera e vive esse drama há um que conheço: Tarek Aziz ou Tariq Aziz (as duas grafias estão corretas), ex-vice-primeiro ministro do Iraque no governo de Saddam Hussein. Estive com ele em fevereiro de 2003, às vésperas da invasão militar dos Estados Unidos.
Na última semana, a imprensa do mundo todo noticiou que Aziz pediu para ser rapidamente executado. Doente, diz não suportar permanecer no corredor da morte.
Imagine, caro leitor ou leitora, você, num corredor esperando o dia de ser executado. E esse dia pode ser amanhã, semana que vem, ano que vem ou sabe-se Deus quando. Aliás, pergunto: essa morte é por decisão divina ou por decisão de homens, no caso norte-americanos, que acham que têm o direito sobre a vida e a morte de outro homem?
No governo Saddam Hussein, Tarik Aziz era o único cristão e foi condenado à pena de morte em outubro de 2010 sob a acusação de “assassinato deliberado e crimes contra a humanidade”.
Muitos governantes do mundo e inclusive o Vaticano pediram clemência ao governo iraquiano para Tarik Aziz. O presidente do Iraque, Jalal Talabani, já afirmou que não assinará a ordem de execução. Se não assina, por que não dá a clemência e solta o homem para ir se tratar? Simples: os EUA não permitem.
Em 2003, estive em Bagdá junto com 32 parlamentares europeus e três outros brasileiros. Fomos protestar contra a então iminente invasão dos EUA ao Iraque. Na ocasião, estive numa reunião com Tarik Aziz, em seu gabinete.
No relatório que apresentei na época à Câmara dos Deputados, escrevi: “O senhor Tariq Aziz demonstra o desejo do Iraque de não fazer a guerra, e afirma que ‘os Estados Unidos querem é colonizar aquela área novamente’, e que o ódio ao Iraque se deve pelo fato dele não fazer concessões. Diz-nos que o Iraque está colaborando com os inspetores da ONU’.
Fato verdadeiro, pois na época nos reunimos com esses inspetores, no Hotel Canal, em Bagdá, que sofreu o atentado em 2003 que tirou a vida do então alto comissário para os Direitos Humanos da ONU, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, e de outros 21 funcionários da instituição.
Desta reunião com os inspetores da ONU no Hotel Canal, fomos informados que: “[...] são vários grupos de inspetores, para diferentes tipos de inspeção; o Iraque tem cooperado, porém passivamente, com a inspeção. Ou seja, tudo que a equipe solicita é atendido e, se o Iraque cooperar ativamente com a equipe de inspeção, é possível evitar a guerra; as declarações de Colin Powel, na ONU, sobre a presença de armas de destruição massiva no Iraque, não foram confirmadas; a presença dos inspetores dificulta o Iraque ter armas; em dois meses é impossível ver tudo e que necessitam de mais tempo; não consta a evidência de Antrax, no relatório de Brix, no Iraque; no cessar fogo de 91 o Iraque aceitou a condição de nada produzir; que o Iraque aceita a inspeção por avião, sobre determinadas condições; receberam muitas informações de Viena e de Nova Iorque sobre locais que teria armas de destruição massiva. Que esses locais foram visitados e nada encontraram.”
George W. Bush Jr, ex-presidente dos EUA, afirmava que Saddam Hussein era um assassino –com o que concordo–, e que por isso tinha que ser deposto e morto, do que discordo –sou contra a pena de morte.
O Iraque foi e permanece invadido militarmente, Tarik Aziz está hoje no corredor da morte e Saddam foi executado.
Desde março de 2003, quando o Iraque foi invadido, segundo a revista científica ‘The Lancet’ (outubro de 2006), morreram 655 mil iraquianos (2,5% da população), civis e militares, uma média de 500 pessoas por dia.
Segundo estimativas recentes, mais de um milhão de iraquianos e iraquianas, o que inclui muitas crianças, foram assassinadas no Iraque a mando de Bush.
Saddam era assassino e, pelas leis dos EUA, foi condenado e executado, o que me leva a perguntar: Bush também será um dia julgado e condenado?
Dr. Rosinha, médico pediatra, é deputado federal (PT-PR) e ex-presidente do Parlamento do Mercosul.
Há muitos homens e poucas mulheres, em alguns países, nos corredores da morte, à espera do dia da sua condenação e da execução. Alguns são inocentes. Outros, criminosos.
Não entro no mérito se há ou não culpa, mas imagino o drama da espera. Entre os que estão nessa espera e vive esse drama há um que conheço: Tarek Aziz ou Tariq Aziz (as duas grafias estão corretas), ex-vice-primeiro ministro do Iraque no governo de Saddam Hussein. Estive com ele em fevereiro de 2003, às vésperas da invasão militar dos Estados Unidos.
Na última semana, a imprensa do mundo todo noticiou que Aziz pediu para ser rapidamente executado. Doente, diz não suportar permanecer no corredor da morte.
Imagine, caro leitor ou leitora, você, num corredor esperando o dia de ser executado. E esse dia pode ser amanhã, semana que vem, ano que vem ou sabe-se Deus quando. Aliás, pergunto: essa morte é por decisão divina ou por decisão de homens, no caso norte-americanos, que acham que têm o direito sobre a vida e a morte de outro homem?
No governo Saddam Hussein, Tarik Aziz era o único cristão e foi condenado à pena de morte em outubro de 2010 sob a acusação de “assassinato deliberado e crimes contra a humanidade”.
Muitos governantes do mundo e inclusive o Vaticano pediram clemência ao governo iraquiano para Tarik Aziz. O presidente do Iraque, Jalal Talabani, já afirmou que não assinará a ordem de execução. Se não assina, por que não dá a clemência e solta o homem para ir se tratar? Simples: os EUA não permitem.
Em 2003, estive em Bagdá junto com 32 parlamentares europeus e três outros brasileiros. Fomos protestar contra a então iminente invasão dos EUA ao Iraque. Na ocasião, estive numa reunião com Tarik Aziz, em seu gabinete.
No relatório que apresentei na época à Câmara dos Deputados, escrevi: “O senhor Tariq Aziz demonstra o desejo do Iraque de não fazer a guerra, e afirma que ‘os Estados Unidos querem é colonizar aquela área novamente’, e que o ódio ao Iraque se deve pelo fato dele não fazer concessões. Diz-nos que o Iraque está colaborando com os inspetores da ONU’.
Fato verdadeiro, pois na época nos reunimos com esses inspetores, no Hotel Canal, em Bagdá, que sofreu o atentado em 2003 que tirou a vida do então alto comissário para os Direitos Humanos da ONU, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, e de outros 21 funcionários da instituição.
Desta reunião com os inspetores da ONU no Hotel Canal, fomos informados que: “[...] são vários grupos de inspetores, para diferentes tipos de inspeção; o Iraque tem cooperado, porém passivamente, com a inspeção. Ou seja, tudo que a equipe solicita é atendido e, se o Iraque cooperar ativamente com a equipe de inspeção, é possível evitar a guerra; as declarações de Colin Powel, na ONU, sobre a presença de armas de destruição massiva no Iraque, não foram confirmadas; a presença dos inspetores dificulta o Iraque ter armas; em dois meses é impossível ver tudo e que necessitam de mais tempo; não consta a evidência de Antrax, no relatório de Brix, no Iraque; no cessar fogo de 91 o Iraque aceitou a condição de nada produzir; que o Iraque aceita a inspeção por avião, sobre determinadas condições; receberam muitas informações de Viena e de Nova Iorque sobre locais que teria armas de destruição massiva. Que esses locais foram visitados e nada encontraram.”
George W. Bush Jr, ex-presidente dos EUA, afirmava que Saddam Hussein era um assassino –com o que concordo–, e que por isso tinha que ser deposto e morto, do que discordo –sou contra a pena de morte.
O Iraque foi e permanece invadido militarmente, Tarik Aziz está hoje no corredor da morte e Saddam foi executado.
Desde março de 2003, quando o Iraque foi invadido, segundo a revista científica ‘The Lancet’ (outubro de 2006), morreram 655 mil iraquianos (2,5% da população), civis e militares, uma média de 500 pessoas por dia.
Segundo estimativas recentes, mais de um milhão de iraquianos e iraquianas, o que inclui muitas crianças, foram assassinadas no Iraque a mando de Bush.
Saddam era assassino e, pelas leis dos EUA, foi condenado e executado, o que me leva a perguntar: Bush também será um dia julgado e condenado?
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