Blog do Zé
Aumenta o tom pró-intervenção no Irã. A notícia em pauta no momento é que "o Irã intensificou a produção de urânio enriquecido de alto grau nos últimos quatro meses". Ao menos, é o que afirma um suposto relatório "confidencial" da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada às Nações Unidas.

O documento seria a origem das mais novas preocupações das potências ocidentais ante a possibilidade de a república islâmica, em breve, venha a construir uma bomba atômica. O relatório da AIEA destaca que o Irã não forneceu “uma explicação convincente” sobre uma quantidade de urânio desviada dos estoques. Os diplomatas garantem que uma quantidade do metal desaparecida pode ser utilizada "para experimentos que tenham como objetivo a criação de uma ogiva nuclear".

Dizem estas mesmas fontes que o Irã teria aumentado o seu estoque de urânio enriquecido a 20% para 109 kg, de 73,7 kg em novembro. A república islâmica também teria produzido 5.451 kg de urânio enriquecido a menos de 5%, comparado com a quantidade de 4.922 kg registrados no relatório anterior da AIEA. Os inspetores disseram que o Irã elevou o número de máquinas usadas para instalar urânio no seu complexo em Natanz em 14% e que teria começado a enriquecer material no complexo Fordo, “construído dentro de uma montanha".

Meias verdades e estardalhaço

Ante tanto estardalhaço e tantas meias verdades, gostaria de recomendar o artigo "Desinformação e Guerra", de Claudia Antunes hoje, na Folha de São Paulo. Ela ressalta que o Irã não se destaca nos rankings de gastos bélicos. Seu PIB vale dois terços do orçamento militar americano.

Claudia lembra que Estados Unidos e Rússia, em contrapartida, pediram a extensão do prazo, que venceria em abril, para destruir as suas próprias armas químicas, banidas em convenção que o Irã ratificou (mas Síria e Israel, entre outros, não). E pontua que a tão propalada comissão da AIEA, conforme o combinado entre as partes, não visitaria instalações nucleares do Irã. “Este não era seu objetivo, uma vez que esses locais já são monitorados pela (própria) AIEA (coisa que nunca é dita)”.

Hegemonia dos EUA na região

A novela do Irã, na verdade, está desenhada para impedir que países que não se submetem à hegemonia norte-americana não possam deter a tecnologia nuclear - seja para fins pacíficos ou militares. Basta ver que Israel tem bombas atômicas e países com a Índia e Paquistão desenvolveram programas nucleares militares com cobertura e apoio norte-americano quando interessava armar esses países, não importando as consequências para a paz e a segurança mundial. Seus exemplos são levantados como gritos de guerra.

É bom lembrar, ainda, que esses mesmos países não firmaram o Tratado de Não Proliferação Nuclear. Assim, toda essa farsa não passa de pretexto para atacar o Irã e por fim à única potencia regional, além da Turquia, que não se submete aos interesses da Europa e dos Estados Unidos.

Todo o resto é pretexto. Os governos chamados ocidentais convivem com ditaduras religiosas no Golfo e as sustentaram várias durante décadas, até que os povos as derrubaram. Não apenas atuam na região como sustentam os regimes ditatoriais no Golfo, inclusive apoiando intervenções militares pontuais para manter esses regimes, ou para produzir falsas transições democráticas, casos de Bahrein e Iêmen.

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