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Esta segund-feira, o site da Wikileaks iniciou a publicação de mais de cinco milhões de emails entre a Stratfor Global Intelligence e empresas como a indiana Bhopal Dow Chemical Co. e a americana Lockheed Martin, assim como agências governamentais, entre elas o Departamento de Estado e Segurança Interna.
A Stratfor recrutou uma “rede global de informadores pagos através de contas em bancos suíços e de cartões de crédito pré-pagos”, avança o comunicado da organização de Assange, sendo que esta rede “engloba empregados governamentais, funcionários de embaixadas e jornalistas de todo o mundo”.
“Os documentos mostram como trabalha uma empresa privada de informação e como investiga os indivíduos para os seus clientes privados e governamentais”, acrescenta ainda a organização.
Em causa estão instituições como a Dow Chemical Co., a Lockheed Martin, a Northrop Grumman, a Raytheon, a Goldman-Sachs e diversas agências governamentais americanas como o Department of Homeland Security, os US Marines, a Drug Enforcement Administration ou a US Defense Intelligence Agency.
Os e-mails da Stratfor revelam ainda que a empresa “cultiva laços estreitos com as agências governamentais dos EUA” e emprega funcionários do governo norte americano.
A Stratfor criou “um esquema de fazer dinheiro de legalidade questionável”
Os documentos publicados pela Wikileals denunciam ainda que o uso de informadores pela Stratfor tornou-se entretanto “um esquema de fazer dinheiro de legalidade questionável”.
Os e-mails mostram que, “em 2009, o então diretor da Goldman Sachs, Shea Morenz, e o CEO da Stratfor, George Friedman, alavancaram a ideia de 'utilizar a inteligência' da rede de informantes para iniciar uma captação estratégica para um fundo de investimento”, sendo que, em 2011, Morenz, investiu “substancialmente” mais de $ 4 milhões de dólares e ingressou na mesa de diretores de Stratfor.
O StratCap, a ser lançado em 2012, deverá “parecer ser legalmente independente”, mas, conforme adianta Friedman confidencialmente num e-mail enviado aos funcionários da Stratfor: “Não pensem sobre a Stratcap como uma organização de fora. Ela será integrada”.
Wikileaks faculta ficheiros a imprensa internacional
O material, que segundo a imprensa internacional, nomeadamente a revista L'Expresso italiana, terá sido cedido à organização representada por Julian Assange pelo grupo de hackers Anonymous, contém, entre outros, “informação privilegiada sobre o ataque do governo norte-americano contra a Wikileaks e contra Julian Assange”.
O Público espanhol, que, juntamente com a L'Expresso e o Página 12 da Argentina, foi presenteado pela Wikileaks com os documentos agora trazidos a público, noticia que, após mais de um ano de “cerco internacional económico e político”, a Wikileaks “não só resiste como obtém uma nova bomba informativa em desafio à arbitrariedade dos mais poderosos do planeta”, publicando milhões de e-mails da “CIA na sombra”, empresa financiada “em grande parte com dinheiros públicos”.
A revista Italiana L' Expresso realça que entre os documentos estão arquivos que permitem compreender como os analistas da Stratfor tiveram acesso a informações exclusivas, como por exemplo o material apreendido no covil de Bin Laden, os relatórios sobre o estado de saúde dos chefes de Estado, sobre a WikiLeaks e Julian Assange. A L'Expresso frisa ainda que as informações agora reveladas dão a entender que a Stratfor não parece ter protegido a identidade dos seus informadores.
O Página 12 dá, por sua vez, primazia às mais de 10 000 referências à Argentina encontradas nos documentos agora divulgados e que se referem essencialmente às Ilhas Malvinas, territórios britânicos ultramarinos no Atlântico Sul cuja soberania é reclamada pela Argentina. As ilhas ter-se-ão tornado assunto de interesse para os analistas da Stratfor quando, em 2009, um grupo de companhias petrolíferas anunciou a sua pretensão de começar a perfurar em águas argentinas, junto a este conjunto de ilhas.
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